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Paciente sai do Juliano Moreira após 30 anos de internação

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Sair do Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira e viver com sua família era o sonho de João Henrique Paulino da Silva, 66 anos, que, há cerca de 30 anos, estava internado naquela unidade. O desejo dele foi realizado no dia 17 de junho deste ano, quando a irmã caçula, Maria José da Silva, 50 anos, o tirou do hospital. Como Seu João, outros 50 pacientes internos no complexo estão de alta médica, só esperando que seus familiares lhe acolham.

Hoje, João está morando com a irmã, o cunhado, dois sobrinhos e a mãe de criação numa pequena granja na Rua Guiomar Nunes, no Loteamento Papa Paulo VI, no conjunto Alto das Populares, em Santa Rita. Mesmo com a idade avançada, João Henrique é lúcido. Agora, na casa da irmã, ele afirmou que apesar do sonho ter demorado 30 anos, se sente um homem realizado e foi enfático ao dizer que não quer voltar nunca mais para o Juliano Moreira, nem mesmo para rever os amigos.

“O meu sonho era voltar a viver com os meus familiares. Lá no Juliano tem muitas pessoas boas, fiz muitas amizades, fui bem tratado, recebi carinho, atenção e amor, mas, mesmo assim, prefiro terminar os meus dias ao lado da minha família. Minha irmã cuida bem de mim, me leva para o médico e além de tudo, tenho carinho, amor e respeito”, disse João.

Abandono – A dona-de-casa Maria José da Silva, irmã de João Henrique, revelou que o medo foi o principal motivo para ela não trazer o irmão para casa, antes. Ela lembra que João Henrique, quando estava em crise, ficava muito agressivo. “Como meus filhos eram pequenos eu temia colocá-lo dentro de casa com medo que ele fizesse alguma coisa com as crianças”, justificou.

Maria José lembrou que todas as vezes que expressava o desejo de pegar João Henrique para morar com ela, os irmãos eram contra e sempre alertavam que ela iria enfrentar muitos problemas e trabalho. Ela lembrou que João Henrique começou a apresentar problemas mentais quando tinha pouco mais de 20 anos, depois que matou um irmão e tentou matar a própria mãe.  “As atitudes dele eram de quem estava doido e por isso a família resolveu internar”, disse.

Primeiro ele passou uns tempos no Manicômio Judiciário onde cumpriu a pena pela morte do irmão e depois foi transferido para o Complexo Juliano Moreira, onde permaneceu por cerca de trinta anos.  Depois do internamento, todos os irmãos de João Henrique foram embora da Paraíba e só Maria José, que residia em São Paulo, decidiu voltar há cerca de 10 anos. “Depois que eu assisti a uma reportagem na televisão aonde o curador Valberto Lira pedia para que as pessoas que tivessem parentes idosos no Juliano fossem buscar, eu fiquei mais comovida e decidi fazer o que tinha vontade”, contou.

Outros – Dos 51 pacientes internos no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira que estão de alta médica e foram abandonados pelos familiares, apenas João Henrique Paulino da Silva voltou a viver com os parentes. Em maio deste ano, o hospital começou uma campanha de sensibilização junto aos familiares e através da imprensa. No mês, seguinte, a irmã de João Henrique foi buscá-lo.

A superintendente do complexo, Clélia Lucena de Andrade Gomes, orientou a Maria José que ela procurasse o Ministério Público, que é parceiro do Juliano Moreira nessa luta de encontrar os familiares dos pacientes abandonados. Na Promotoria do Cidadão, ela assinou um termo de responsabilidade.  No documento, o promotor Valberto Cosme de Lira deixou claro que os familiares, em hipótese alguma, estão autorizados a fazer empréstimo bancário em nome do paciente, uma prática comum em todo o Brasil.

Residentes – A diretora do Complexo Juliano Moreira, Clélia Lucena, explicou que alguns pacientes já vivem há trinta anos no local e passaram a ser chamados de “pacientes residentes”. O abandono já foi comunicado ao Ministério Público do Estado. Para evitar que pessoas deixem familiares e dêem endereços e nomes falsos, o Serviço Social do complexo está fazendo uma triagem rigorosa e, agora, só aceitam pacientes com identificação e comprovante de residência.

Clélia Lucena lamentou a situação de abandono familiar em que se encontram esses internos e destacou que a família desempenha um papel importante na recuperação e cura dos pacientes. “Se o paciente recebe atenção, amor e carinho, sua cura acontece com maior rapidez e eficiência”, disse.

 “São 24 mulheres e 26 homens que podemos dizer que moram aqui, porque não têm para onde ir”, disse a assistente social do Complexo Juliano Moreira, Maria Nadja de Araújo Aureliano. Ela explicou que esses pacientes já estão recuperados e poderiam estar morando com os seus familiares, mas, ao internarem seus doentes, eles forneceram endereços errados para que não fossem localizados.

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