O protesto realizado por eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o resultado das eleições de domingo continua em frente ao Grupamento de Engenharia na avenida Epitácio Pessoa, a principal da capital da Paraíba. Hoje de manhã, o repórter Oscar Xavier e o cinegrafista Isael Alves foram hostilizados pelos manifestantes quando tentavam cumprir uma pauta que inclusive seria para entrada no “Fala, Brasil”, da Rede Record.
A participação do jornalista paraibano no programa da TV Record seria sobre um caso de violência que ocorreu ontem em meio ao ato antidemocrático quando uma geógrafa foi acusada de jogar o carro que dirigia contra o grupo de manifestantes. Ela acabou autuada por lesão corporal e embriaguez ao volante porque se negou a fazer o teste do bafômetro.
Para contar a história, Oscar e Isael se posicionaram a cerca de 50 metros de onde estavam os bolsonaristas, mas foram tratados com agressividade pelos integrantes do protesto. Alguns homens vestindo verde e amarelo saíram de onde estavam e foram até o jornalista e o cinegrafista questionando o que eles iriam falar e exigindo serem entrevistados.
“Queriam me pautar, dizendo com toda grosseria o que eu deveria ou não falar. Foi ficando tenso e comecei a bater boca com um deles dizendo que me deixassem trabalhar, que eu não tinha que ficar submetendo a eles meu texto. Tinha um monte de celular me filmando, numa intimidação mesmo”, contou o repórter.
Oscar chegou a avisar à Rede Record que não haveria condições de fazer o link porque no mínimo eles seriam atrapalhados pelos bolsonaristas, inclusive existia um senhor que permanecia gritando perto da equipe. A Record entendeu e se solidarizou com a situação aflitiva vivida pelos dois profissionais e sugeriu que se fosse possível Oscar se afastasse do local e mantivesse a pauta, deixando também o repórter à vontade caso ele julgasse que não haveria condições de fazer sua participação no telejornal. “Fomos para longe e cerca de 30 minutos depois, conseguimos cumprir a pauta”.
Além da intimidação sofrida pelos profissionais de imprensa nesta quinta-feira, 3, outro aspecto do fato chama a atenção. Tudo isso foi presenciado por policiais militares que estavam acompanhando a manifestação. “O bate boca foi em frente a uma viatura da PM que só observou. O máximo que os policiais fizeram foi sair da viatura e acompanhar a discussão em pé, mas sem fazer nenhuma intervenção”, narrou Oscar.
Em João Pessoa, os protestos antidemocráticos começaram na segunda-feira, 31, com o bloqueio de rodovias na capital e em Campina Grande. Na terça-feira, o Grupamento de Engenharia se tornou o ponto de encontro dos eleitores revoltados com a vitória de Lula. Ontem, eles ocuparam duas faixas da avenida Epitácio Pessoa, mas hoje o trânsito fluiu sem a ocorrência de problemas.