Angélica Lúcio

Angélica Lúcio é jornalista, com mestrado em Jornalismo pela UFPB e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente, atua na Comunicação Social do HULW-UFPB/Ebserh como jornalista concursada.
Angélica Lúcio

Quase 50% das redações já usam Inteligência Artificial: isso é bom?

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Tenho um amigo jornalista que usa o ChatGPT para elaborar mensagens de aniversário de algum colega do grupo de comunicadores do qual faço parte. As felicitações sempre fazem sucesso porque todo mundo sabe que são feitas por Inteligência Artificial e, geralmente, ficam muito engraçadas. Não sei se esse colega também tem utilizado essa ferramenta para produzir conteúdo na instituição onde trabalha. Mas bem que poderia fazer, sim, sem que isso comprometesse o texto. 

Conforme pesquisa da World Association of News Publishers (WAN-IFRA), a qual tive acesso por meio do site da Associação Nacional de Jornais (ANJ), quase metade das redações em todo o mundo já trabalha com o ChatGPT, uma modalidade de IAGen, que é a Inteligência Artificial generativa. Trata-se de um tipo de IA que possui a capacidade de criar conteúdo a partir de dados pré-existentes. Ou seja, é um sistema capaz de gerar texto, imagem, vídeo, música e outras mídias.  

O estudo da WAN-IFRA foi feito no final de abril e início de maio, em colaboração com a Schickler Consulting, e contou com a participação de 101 jornalistas, gerentes editoriais e outros profissionais de notícias. Ainda que 49% das redações pesquisadas utilizem IA, tal uso se dá menos na produção de artigos (matérias) e mais na condensação de informações, como produção de resumos e marcadores bem como pesquisa/pesquisa simplificada, correção de texto e melhoria dos fluxos de trabalho.

A maioria dos profissionais ouvidos se mostrou otimista com as possibilidades oferecidas pela Inteligência Artificial, e 70% disseram esperar que as ferramentas de IA generativa sejam úteis para seus jornalistas e redações.  Mas há o outro lado, claro: 2% não veem valor no curto prazo, enquanto outros 10% não têm certeza; e 18% acham que a tecnologia precisa de mais desenvolvimento para ser realmente útil. 

Depois do ChatGPT, que chegou ao mercado em novembro de 2022, outras ferramentas semelhantes também foram anunciadas, como o Bard, criado pelo Google e já disponível nos EUA e no Reino Unido; o Chatsonic (da Writesonic); e o Perplexity AI – aplicativo de pesquisa da Apple que oferta o mesmo recurso de diálogo do ChatGPT.

Outros tipos de sistema de IAGen virão, e isso é bom. Inclusive para o jornalismo. Canso de ler, em veículos online principalmente, notícias sobre previsão de chuvas ou sobre estragos pós-chuvas que apenas elencam dados, sem acréscimo algum do componente humano no texto. Dados sobre saúde, informações sobre eventos culturais, resultado de competições esportivas ou de eleições também se enquadram aí. Muitas vezes, nem sequer a declaração de uma fonte oficial é utilizada.  

Ora, se é para fazer texto-formulário, um robozinho resolve! Isso é ruim? Acredito que não se o objetivo for levar ao usuário uma informação direta, bem na linha “pá-pum”. E se o intuito é esse, as redações podem muito bem utilizar IAGen, para resolver algumas demandas mais rápido e deixar os jornalistas com tempo livre para que possam se dedicar a investigações mais aprofundadas, com valorização de histórias, personagens e texto – um bom texto!

MAIS LIDAS

Guarabira ganha destaque internacional em programa sobre discos-voadores no History Channel

Traficante que atuava na PB e levava vida de ostentação é preso durante show em SP

adrotate banner="232"