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Porta-voz trans da Ucrânia provoca fúria na Rússia

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Quem acompanha notícias sobre a guerra na Ucrânia em canais em língua inglesa possivelmente já ouviu falar de Sarah Ashton-Cirillo. A cidadã americana de 45 anos chegou à Ucrânia logo após o início da guerra de agressão da Rússia, em fevereiro de 2022. Jornalista freelancer residente em Las Vegas, ela queria originalmente fazer reportagens na linha de frente do conflito. Porém pouco tempo depois de chegar ao país sob invasão, acabou decidindo se juntar às Forças de Defesa Territorial (FDT) da Ucrânia.

Hoje ostentando uma patente de sargento do Exército ucraniano, Ashton-Cirillo chegou a ser ferida em campo de batalha em fevereiro de 2023. Após sua recuperação, foi designada para trabalhar no aparato de mídia em língua inglesa das FDT e, mais tarde, nomeada como uma de suas porta-vozes. Suas declarações extremamente duras em relação à Rússia, combinadas com sua identidade transgênero, fizeram dela um alvo favorito dos propagandistas russos e de trolls pró-Kremlin nas redes sociais.

Recentemente ela também entrou na mira de políticos republicanos americanos críticos ao apoio do governo democrata de Joe Biden à Ucrânia. E em 20 de setembro a FDT anunciou que fora suspensa de sua função na Ucrânia por recentes “declarações não aprovadas pelo comando”.

A unidade não especificou quais declarações provocaram a suspensão, limitando-se a afirmar que uma investigação está em curso e que a suspensão prosseguirá até a conclusão. Mas pouco antes da sua suspensão, Ashton-Cirillo trocou farpas nas redes com o senador republicano J.D.Vance, que zombou publicamente da sua identidade de gênero e a acusou de pedir o assassinato de opositores do apoio americano à Ucrânia.

A suspensão também foi encarada com sarcasmo pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova: “É emocionante, qual será o próximo cargo? Ministra da Educação Pré-Escolar ou Ginecologista-chefe das Mulheres da Ucrânia?”

Ashton-Cirillo afirmou à DW que o ódio dirigido a ela nas redes sociais é um sinal de que seu trabalho é eficaz: “As palavras dos haters russos não me afetam. Eu estive na linha de frente, todos os meus colegas estiveram na linha de frente, e não me refiro apenas a jornalistas. Nós lutamos na linha de frente. E vimos a vida e vimos a morte. As palavras não importam quando você entende que suas ações vão contribuir não apenas para a libertação da Ucrânia, mas também para salvar vidas ucranianas e russas.”

Não há dúvida que as palavras de Ashton-Cirillo causam impacto. Prova disso foi justamente a controvérsia que provocou sua suspensão, inicialmente desencadeada por um vídeo publicado por ela na rede X (antigo Twitter). Na gravação, ela afirma que “os propagandistas criminosos de guerra da Rússia serão todos caçados”.

Pouco depois, voltou à carga, afirmando que pretendia caçar especificamente um “propagandista do Kremlin”: “Na semana, os dentes dos demônios russos rangerão ainda mais, suas bocas raivosas espumarão num frenesi incontrolável, enquanto o mundo vai ver um propagandista favorito do Kremlin pagar pelos seus crimes”, disse Ashton-Cirillo a partir de um estúdio das FDT, sem nomear quem seria o indivíduo em questão. “E este fantoche de Putin há de ser só o primeiro.”

Reação de senador de ultradireita

As falas de Ashton-Cirillo acabaram chegando a Washington. O senador republicano J. D. Vance, um dos mais eloquentes opositores da ajuda militar dos EUA à Ucrânia, acusou a porta-voz de “ameaçar com violência física” opositores da ajuda americana à Ucrânia.

“Preocupo-me que os recursos americanos possam estar apoiando a violência ou a ameaça de violência contra quem expressa o que pensa. É de se notar que qualquer crítico da política incoerente dos EUA na Ucrânia já foi caluniado como propagandista, inclusive vários candidatos presidenciais e jornalistas americanos.”

Em mensagens no X, Vance chamou ainda Ashton-Cirillo de “louca” e “esquisitona” comentando que seus vídeos pareciam um “esquete do [programa de comédia] Saturday Night Live”. “Fiquei chocado quando descobri que se tratava de uma pessoa de verdade”, disse, em entrevista ao canal ultraconservador Fox News.

Enquanto a controvérsia prossegue, Ashton-Cirillo afirma que continua firme em suas declarações e menciona um plano de paz apresentado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, prevendo que “todos os criminosos” sejam levados à Justiça.

“Isso inclui os propagandistas de criminosos de guerra. Os criminosos de guerra devem ser processados e levados à Justiça. Temos os tribunais internacionais disponíveis.”

Ela também nega que tenha incentivado ataques a jornalistas, afirmando que suas falas tinham como alvo “guerreiros da informação” da Rússia. Ashton-Cirillo também diz que se vê como uma espécie de “para-raios” que protege “os que são mais importantes no país” de ataques verbais nas redes.

“Eu sabia que tinha que me alistar”

Ashton-Cirillo assegura que seu próprio trabalho não pode ser visto como propaganda: “Considero que estou na linha de frente da guerra de informação. Propaganda é quando você inventa histórias”, e ela “felizmente” se encontra do lado do país que está dizendo a verdade.

A cidadã americana contou que já se considerava politicamente engajada antes de se mudar para a Ucrânia. Sua estada deveria originalmente durar apenas duas semanas, o tempo necessário para fazer reportagens.

“Acabei servindo [nas forças ucranianas] porque depois de seis meses e meio em Kharkiv, eu testemunhei o genocídio russo, testemunhei o terrorismo russo, testemunhei os crimes de guerra russos todos os dias.”

Seu trabalho também a levou à cidade ucraniana de Izium, onde se descobriram valas comuns com vítimas depois que as forças russas foram expulsas. “Depois de Izium, eu sabia que tinha de me alistar. Não tinha escolha.”

“Não sou definida por ser LGBTQ”

Hoje com uma patente militar de sargento na Ucrânia, Ashton-Cirillo ainda considera Las Vegas o seu lar, mas não sabe quando voltará para os EUA. Ela diz ter encontrado um “estilo de vida muito libertador”, onde é possível viver como bem se entende. E no país europeu nunca foi “pessoalmente” alvo de manifestações negativas em relação a sua identidade.

“Mas eu não sou definida por ser LGBTQ. O que posso dizer é que desde o primeiro dia aqui na Ucrânia, que foi 5 de março de 2022, nunca tive uma interação negativa com ninguém do Exército, ninguém no meu comando, ninguém com quem eu estivesse trabalhando, e isso inclui estar na linha de frente, isso inclui estar aqui em Kiev. Resumindo: aqui, isso não foi um problema.”

Há pelo menos duas outras pessoas abertamente transgênero servindo no exército ucraniano, acrescenta. “Mais uma vez: soldados não são definidos por nenhuma identidade além de serem soldados.”

 

 

Com G1

Imagem: Reprodução

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