Carlos Ruiz

Carlos Enrique Ruiz Ferreira é mestre e doutor pelo Departamento de Ciência Política da USP; pós doutor pelo Departamento de Filosofia da USP; professor doutor associado de Relações Internacionais da UEPB. Atualmente é coordenador geral do Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança (CEAPPG) e coordenador do curso de Relações Internacionais da UEPB
Carlos Ruiz

Os comitês populares na Paraíba

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Estamos em plena batalha ideológica (e, obviamente, educacional). E tal fato não se finda com a vitória de Lula nesse último 30 de outubro, que foi, nada mais nada menos, uma vitória da Constituição Federal e da Democracia.

Nunca os ensinamentos gramscianos cobraram tanta atualidade no país. A batalha das ideias, da cultura, do imaginário, representa hoje o grande nó górdio da sociedade.

Do lado de quem defende a democracia e os direitos humanos, foram criados, estrategicamente, os comitês populares de luta. Para variar, estava na vanguarda dessa ideia, aquele que Noam Chomsky chama de o movimento social mais importante do mundo: o Movimento Sem Terra.

Aqui na Paraíba levamos a sério essa estratégia. Antes mesmo das cartilhas nacionais do PT serem lançadas, o comitê @universidadecomlula já estava em ação. Aos poucos lançaram-se os comitês de bairro, os comitês setoriais (como da saúde, cultura) e os comitês sindicais e universitários.

A tarefa dos comitês foi ativar a militância, digital e presencial (em especial esta última), buscando minimizar as lacunas históricas do trabalho de base que deixou de ser feito pelo PT e pela CUT. Como sabemos, quem hoje detém o mais capilar trabalho de base no país são as igrejas pentecostais, que, algumas, não deixam de se utilizar das criminosas práticas das fake news.

Dessa forma, os comitês populares de luta foram a campo, resgatando os laços com as comunidades na Paraíba. Nos bairros, nos terminais rodoviários e de trem, nas feiras, na frente das universidades e escolas, os comitês se tornaram o farol da democracia na Paraíba, e em especial em João Pessoa. Tudo foi pintado de vermelho.

Não seria demasiado dizer que boa parte da campanha de Lula no Estado foi sustentada pelos comitês populares. Se no primeiro turno sua tarefa foi fundamental, no segundo ainda mais. Sabemos todos como os ânimos se acirram, em particular em João Pessoa e Campina Grande. Mas a vitória no segundo turno deveu-se, ao menos em parte, a esta hercúlea resistência e militância. Na Paraíba, Lula teve no 1o turno: 64,21%. No 2 turno: 66,62%. Em João Pessoa, onde as forças bolsonaristas concentram suas forças, passamos de 47,38% para 50,10% no segundo turno.

É importante que essa vivência de luta nas ruas e no mundo das mídias digitais sigam ativas, pois a batalha das ideias seguirá. Que o combate das desigualdades estruturais de nosso país sigam sendo nossa bandeira de luta, como a defesa da democracia e de políticas públicas pelos direitos humanos. Que a disputa de hegemonia não se perca novamente no caminho, por termos nos tornado novamente Poder. Sigamos.

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