Todo início de governo é marcado pela expectativa dos aliados pelas nomeações de seus indicados para ocupar cargos na estrutura da gestão.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva nem bem começou a preencher as vagas de segundo e terceiro escalão e na Paraíba já existe um alarde.
Isso porque na semana passada foi nomeado o novo superintendente dos Correios no Estado. Trata-se de Jackson da Silva Henrique , que substituiu Alessandro de Jesus Moreira no comando da ECT na Paraíba.
Jackson é funcionário da empresa desde 2013 e já atuou como gerente de vendas da Superintendência dos Correios na Paraíba e, até quinta-feira era gerente da Regional de Atendimento em Campina Grande.
O problema é que ele não foi indicado por nenhum petista. Entrou na cota de Efraim Filho, senador eleito e bolsonarista de carteirinha. Mais do que isso, o próprio Jackson defendeu Bolsonaro em suas redes sociais. Há colegas que dizem que ele esteve na frente dos quartéis defendendo a derrubada do mesmo presidente Lula que acabou assinando sua nomeação.
Mas, o que acontece? Como é possível tamanha disparidade?
Isso se explica pela necessidade que Lula teve de fazer as mais variadas alianças para ganhar a eleição. Nesse esforço, ele se aliou ao União Brasil, partido de Efraim, e o partido indicou o deputado federal Juscelino Filho para ministro das Comunicações. Foi ele quem subscreveu a nomeação de Jackson, muito provavelmente a pedido de Efraim, embora o senador negue.
Depois da nomeação, o sindicato dos Correios, o próprio diretório do PT na Paraíba e a CUT exigem a exoneração de Jackson, alegando a escancarada contradição que representa o bolsonarista à frente de um cargo de destaque no governo Lula.
A exoneração até é possível, mas na lógica da aliança, que é diferente da ideológica, ela pode não acontecer. E não podemos deixar de nos perguntar, será que ninguém alertou a Lula sobre o histórico do auxiliar? Pelo menos nisso, a direita era mais organizada. Não havia perigo de Bolsonaro nomear um adversário para os quadros de seu governo.