A hipertensão arterial é responsável por 13,8% das mortes causadas por doenças cardiovasculares. Trata-se de uma doença multifatorial e pode ser desencadeada por fatores diversos, como sedentarismo, ingestão de alimentos ricos em sódio, obesidade, consumo de álcool e de tabaco. No Brasil, o percentual de adultos (pessoas acima de 18 anos) com diagnóstico médico de hipertensão chega a 26,3%.
Estudo recente, feito por pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), mostra que ter uma rotina com treinamento de força é bom para a saúde de pessoas com hipertensão. Publicada na revista Scientific Reports, a investigação mostra que os exercícios de musculação podem ser uma importante ferramenta para o controle da pressão arterial.
Depois da realização do exercício de força, ocorre um fenômeno chamado de hipotensão pós-exercício resistido. Ou seja, há uma diminuição dos níveis de pressão arterial no organismo do indivíduo devido a atividades físicas como a musculação. Tal redução se dá na ordem de 5 mmHg, cerca de 20 ou 30 minutos após o exercício.
No caso da pesquisa da Unesp, realizada em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP), a conclusão é que exercícios de musculação, praticados com carga de moderada a vigorosa, dois ou três dias por semana, ao longo de pelo menos oito semanas, são uma boa estratégia para reduzir a pressão arterial.
Com base nesse estudo, hipertensos que fazem musculação podem abandonar os medicamentos? A resposta é “não”. Pessoas que tomam medicamentos para baixar a pressão arterial não podem abandonar a medicação prescrita e optar apenas pelos exercícios de musculação. Em resumo: a medicação não deve ser abandonada, porque a atividade física faz parte do tratamento não-medicamentoso.
A prevenção do aumento da pressão arterial pode ser um dos benefícios da musculação, mas outros estudos ainda são necessários. Recentemente, o treinamento de força entrou nas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, mas muito ainda deve ser investigado para que tenhamos evidências mais robustas.
De acordo com essas diretrizes, a combinação de fármacos ainda é a estratégia preferencial para a maioria dos hipertensos. Mais: pessoas hipertensas com comorbidades, sintomas ou que pretendem fazer atividades de alta intensidade ou competitivas devem se submeter à avaliação médica prévia.