“Não queria fazer isso, mas fiz por medo da minha família não aceitar”, disse, chorando, a jovem de 19 anos que deixou uma recém nascida em uma vila no Distrito Mecânico, no Varadouro, em João Pessoa, na tarde da última segunda-feira, 23. Hoje de manhã, ela prestou depoimento à delegada de crimes contra a infância, Joana D’Arc de Oliveira. Muito emocionada, a moça disse querer a filha de volta e se queixou do julgamento que está sendo feito de seu comportamento.
O momento em que a mãe deixou a filha no Varadouro foi registrado por câmeras de segurança da rua. A irmã da moça reconheceu a imagem dela que acabou sendo divulgada, com desfoque, nos veículos de imprensa. O assunto, só então, foi abordado, pela família.
A gravidez foi escondida dos parentes e de quem convivia com a moça. Ela passou a usar roupas folgadas e não demonstrava o crescimento da barriga.
Uma mulher que esteve na enfermaria da maternidade com a jovem disse que ela demonstrava muito afeto com a recém nascida. Ela ainda acrescentou que a gestação não havia sido planejada, mas sim fruto de um estupro e que temia a reação da família.
Já a delegada Joana D’Arc comentou que não acredita ter havido maldade por parte da mãe da criança. “Pareceu ter sido um ato de desespero. Ela não queria passar o que estava sentido para ninguém. Foi para a maternidade sozinha, teve a filha sozinha. Não pareceu perversidade”.
Para ter direito à guarda da menina, a mãe terá que convencer uma equipe técnica do Tribunal de Justiça a quem caberá avaliar se a mãe tem condições psicológicas de cuidar da filha.
A recém nascida ficou internada na Maternidade Cândida Vargas para onde foi levada depois que a aposentada Sandra Conceição acionou o Conselho Tutelar assim que a encontrou na frente de casa. Ela passa bem e recebeu o nome provisório de Ana Vitória, escolhido pelos profissionais de saúde que a atenderam. A mãe biológica, contudo, pretende batizá-la como Luna, caso consiga a guarda da criança.