O Dia Mundial da Imprensa é comemorado em 3 de maio. Para celebrar a data em 2022, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) escolheu o tema “Jornalismo sob cerco digital”, que será debatido entre os dias 2 e 5 de maio no Uruguai, durante a Conferência Global anual do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Na ocasião, o foco dos debates será o impacto da era digital na liberdade de expressão, na segurança dos jornalistas, no acesso à informação e na privacidade
O mote adotado em 2022 pela Unesco é bem mais que necessário, principalmente aqui no Brasil onde o número de agressões a jornalistas e a veículos de comunicação deixa indignados todos os que prezam pela democracia e a liberdade de expressão. Em tempo: a liberdade de expressão, prevista na Constituição Federal, não abarca violências e ameaças.
Dados de relatório divulgado recentemente pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostram que, em 2021, foram registrados 430 ataques à liberdade de imprensa; dois a mais que no ano anterior (428), o que representa um aumento de 0,47%.
Lançando um olhar para o passado recente, fica claro que a onda de violência no ambiente informacional aumentou muito nos últimos anos. Ainda conforme a Federação Nacional dos Jornalistas, em 2019, o número de casos de ataques a veículos de comunicação e a jornalistas chegou a 208 (um incremento de 54,07% em relação a 2018). Já em 2020, houve 428 episódios de violência, o que representou 105,77% a mais que em 2019.
Dentre os casos relatados no documento da Fenaj em 2021, há assassinatos, agressões físicas, agressões verbais/ataques virtuais, ameaças/intimidações, ataques cibernéticos, atentados, censuras, cerceamento à liberdade de imprensa por ações judiciais, descredibilização da imprensa, detenções/prisões, impedimento ao exercício profissional, injúria racial/racismo e violência contra a organização dos trabalhadores/ou sindical.
De acordo com a Unesco, o dia 3 de maio serve como lembrete aos governos da necessidade de respeitar seu compromisso com a liberdade de imprensa. “Também é um dia de reflexão entre os profissionais da mídia sobre questões de liberdade de imprensa e ética profissional”, registra publicação da entidade.
Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a data também é importante por ser um dia de apoio aos meios de comunicação que são alvos da restrição ou abolição da liberdade de imprensa bem como um dia de memória para os jornalistas que perderam a vida em busca de uma história.
O ambiente informacional é democrático, não pode conter mordaças para favorecer a autoridade de ocasião. Usando uma expressão dita pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na abertura da Cúpula Internacional pela Democracia, em 2021, lembro que precisamos “cerrar fileiras”, para conter o avanço do autoritarismo e da ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e no mundo. Sempre, sempre, sempre.