A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil a BB, contra BB- antes, com perspectiva estável, e atribuiu a mudança a um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos.
Segundo relatório, as políticas proativas e reformas apoiaram a decisão e a expectativa da agência é de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais. A agência ainda afirmou que o presidente Lula “tem conseguido garantir a governabilidade e avançar em sua agenda política”.
A agência tinha rebaixado a nota de crédito do Brasil para BB- em 2018, no governo Temer, quando o país passava por déficit fiscal, crise nas contas públicas e fracasso de aprovar em aprovar a reforma da Previdência.
A Fitch citou medidas como o avanço do novo arcabouço fiscal e da Reforma Tributária no Congresso como um desdobramento positivo para a nota de crédito do Brasil.
O Ministério da Fazenda disse que a decisão da agência corrobora os esforços empreendidos pelo governo para fortalecer o ambiente econômico e promover a consolidação fiscal.
A pasta reiterou o compromisso com a agenda de reformas em curso para levar ainda à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito e assegurar a estabilidade dos preços.
A elevação do rating do Brasil pela Fitch vem pouco mais de um mês depois que outra agência de classificação de risco, a S&P, mudou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil, atualmente BB-, de estável para positiva, também citando sinais de maior certeza sobre a estabilidade da política fiscal.
Já a Moody´s tem nota Ba2 com perspectiva estável para o Brasil. Todas as notas, no entanto, seguem abaixo do chamado grau de investimento, que indica baixo risco de calote.
A Fitch afirmou que a posição fiscal do país está se deteriorando depois de alguma melhora, mas que espera que as novas regrais fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual. A agência ainda projeta alta da relação entre dívida e PIB, porém, a um ritmo mais lento e partindo de um ponto inicial muito melhor do que estimado anteriormente.
A agência também elevou a perspectiva para o crescimento econômico do Brasil neste ano para 2,3%, forte melhora ante a expansão de 0,7% prevista antes. Para 2024, espera uma desaceleração para 1,3% em, a ser seguida por uma convergência a uma tendência de crescimento de 2% nos anos seguintes.
ENTENDA O QUE SÃO CLASSIFICAÇÕES DE RISCO E GRAU DE INVESTIMENTO
Grau de investimento é uma condição atribuída por agências internacionais de classificação de risco a papéis, empresas ou países para definir que se trata de um investimento seguro —ou seja, com baixo risco de calote.
As três agências risco de maior visibilidade no mundo são a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch Ratings.
As notas de crédito têm impacto sobre o custo da dívida de empresas e países. Quanto melhor a classificação, menor tende a ser o desembolso com os juros dos financiamentos, e vice-versa.
Para investidores estrangeiros, a avaliação das agências serve como termômetro para saber se a remuneração de um papel está adequada ao risco do investimento.
As notas de crédito também são importantes para os fundos: muitos deles são impedidos de aplicar em papéis sem grau de investimento. Se um emissor de dívida (país ou empresa) é rebaixado, esses fundos são obrigados a tirar os títulos com grau especulativo da carteira.
As empresas de avaliação de risco são contratadas para fazer essa análise, que é uma opinião.
Apesar disso, argumentam que, mesmo sendo atribuída mediante encomenda de agentes financeiros, a nota de risco é uma avaliação independente e confiável porque há preocupação com a credibilidade da própria agência.
Vale destacar, porém, que, na quebra do mercado imobiliário americano que esteve no epicentro da crise global desencadeada em 2008, papéis do setor que se mostraram “ativos podres” tinham nota máxima das agências de classificação de risco com grau de investimento.
Folha Online
Imagem: Agência Brasil