Notícias de João Pessoa, paraíba, Brasil

‘Éramos governados por uma gente do porão’, diz Gilmar sobre complô golpista

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

O decano do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, disse nesta sexta (3) que o caso denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) mostra que “a gente estava sendo governador por uma gente do porão”, ligada “às milícias do Rio de Janeiro”.

Do Val, em um vaivém de versões, relata que teve uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) no fim do ano passado no qual foi discutido um complô golpista para reverter o resultado das eleições vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro.

O senador tentou mudar de versão, isentando Bolsonaro de iniciativa do esquema, que seria ideia de Silveira, preso por ordem do Supremo na quinta (2). A trama incluiria fomentar as concentrações golpistas em frente a quartéis e a gravação ilegal de alguma inconfidência do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

“Vamos esperar o resultado das investigações, mas essas pessoas [Do Val e Silveira] se comunicaram”, afirmou Gilmar, citando os áudios e prints de mensagens divulgados pela revista Veja. “O que [o episódio] mostra é que a gente estava sendo governado por uma gente do porão. Esse é um dado da realidade. Pessoas da milícia do Rio de Janeiro, com contato na política internacional, isso é o que resulta quando vemos a nominata desses personagens”, disse.

Gilmar falou antes e durante uma conferência sobre política e economia do Lide, grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria, em Lisboa.

Para o ministro, “as instituições foram o alvo predileto das vivandeiras alvoraçadas”, parafraseando a famosa citação do ditador Humberto Castello Branco de 1964, aludindo aos políticos que incitavam agitação nos quartéis.

Ele criticou a elite política na era do bolsonarismo, que alimentava “zumbis consumidores de desinformação”. “Espero que as investigações identifiquem quem estava no topo dessa pirâmide e qual lucro auferiam, política ou economicamente”, disse.

A crítica aberta ao “éthos” bolsonarista foi completada com uma crítica ao ex-chanceler Ernesto Araújo. “Nunca mais voltemos a ser um pária internacional, objetivo vocalizado por um certo expoente de uma certa doutrina”, afirmou.

O ministro disse, contudo, estar otimista. “Apesar de a extensão do dano ser grande, seu conserto é possível. O Brasil tem a capacidade singela de se reinventar”, afirmou. Ele discorreu acerca da necessidade de haver “regras do jogo estáveis”, apesar do risco dos “impulsos ditatoriais”. Por fim, fez uma mesura ao governo Lula, dizendo que “o Brasil voltou ao cenário internacional”.

Diferentemente do evento anterior do Lide, em novembro em Nova York, não foram registrados ainda protestos de bolsonaristas contra a presença de ministros do Supremo no encontro —também está na capital portuguesa Ricardo Lewandowski, enquanto Moraes e Luís Roberto Barroso irão participar de forma remota.

O decano do Supremo também disse, em uma entrevista ao jornal português Expresso publicada nesta sexta, que Bolsonaro flertou com a ideia de um golpe militar. “Não creio que tenha sido cogitado [um golpe das Forças Armadas]. Embora seja muito provável que o entorno do ex-presidente, e o próprio, tenham flertado com a ideia”, afirmou ao jornal.

Gilmar descarta, contudo, envolvimento institucional das Forças com intentonas golpistas ou os ataques bolsonaristas às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

Comentando na sessão de debate a questão do semipresidencialismo, Gilmar citou os impedimentos de dois presidentes na história recente (Dilma e Fernando Collor, este em 1992). “Quem perde apoio no Congresso, acaba por sofrer o impeachment”, disse, defendendo a ideia da adoção de um primeiro-ministro. O ministro fez uma comparação jocosa entre a formação do ministério de 37 pastas de Lula e a “geringonça”, coalizão que governou Portugal unindo facções diversas da esquerda.

Em sua fala, Lewandowski citou a crise que culminou no ataque golpista de 8 de janeiro em Brasília. “O Brasil sobreviveu ao 8 de janeiro, quando as sede dos três Poderes foram invadidas e destruídas. A democracia é resiliente e sobreviveu a esse ataque”, disse. “A democracia saiu mais forte.”

Ele fez uma defesa da Justiça Eleitoral. “Todos [os integrantes do TSE] têm mandato, de dois anos, o que impede a politização”, afirmou.

Também presente à conferência, o ministro Humberto Martins (Superior Tribunal de Justiça), fez uma defesa da segurança jurídica amparada na palavra final do Supremo. “Os poderes constituídos no Brasil funcionam”, afirmou.

 

 

Com Folha Online

 

Tags

Leia tudo sobre o tema e siga

MAIS LIDAS

Após agressão, Ulisses Barbosa é internado e precisa de doação de sangue

Anteriores

gusfavo1

Candidato de 30 anos morre ao passar por exame físico do concurso da PM

pbtur1 (1)

Governo da Paraíba impulsiona o turismo com ações estratégicas de divulgação

ulissesok (1)

Ulisses Barbosa narra agressão cometida por 7 homens e pedrada na cabeça; ouça

joaoazevedoclose

João Azevêdo destaca investimentos na educação no lançamento do programa Pé-de-Meia na PB

concursouni

Governo decide adiar provas do 1º Concurso Nacional Unificado

terezinhacamilo (1)

Ministro da Educação sinaliza que Terezinha será confirmada como reitora da UFPB

Francisco de Assis Rodrigues de Lima, prefeito de Cajazeirinhas

Prefeito de Cajazeirinhas é condenado por manter lixão

Festa Junina

MP recomenda medidas para garantir segurança e meio ambiente no São João de Monteiro

Cícero e Janine Lucena

Cícero explica que mandado contra Janine foi motivado por ligação desconhecida

Polícia civil da paraíba

Homem é preso por participar de rinha de galos e ameaçar deputada