Os senadores paraibanos Efraim Morais (DEM) e Roberto Cavalcanti (PR) tiveram uma discussão áspera ontem à noite na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A confusão começou por causa de um pedido de vista do democrata à Mensagem do Executivo que autoriza a contratação de operação de crédito externo, no valor de US$ 60 milhões entre o BNDES e o Nordic Investment Bank (NIB). Cavalcanti acusou o colega de usar o pedido de vista como barganha porque antes Eduardo Suplicy (PT-SP) hava impedido a votação do Projeto de Lei relatado por Efraim que estimula Arranjos Produtivos Locais.
– Vossa Excelência tem se sentido incomodado com o pedido de vista e de forma justa. Mas, tenho a dizer que minha pouca experiência faz com que eu desmascare vossa excelência no sentido de permitir que vossa excelência esteja votando contrário ao projeto, pedindo vista, atrapalhando o desenvolvimento nacional por um argumento que não tem nenhuma valia. O senador Efraim tem a técnica de levantar a voz. Vamos bater boca hoje aqui. Vossa excelência está certo em defender os pequenos municípios, mas está errado em barganhar – disse Roberto Cavalcanti.
– Não vamos bater boca não. Peraí… – ponderou Efraim.
– É barganhar, sim – devolveu Roberto.
– Eu estou com a palavra. Ele devia respeitar. Barganhar o que? barganhar pelos pequenos? o sujeito vem aqui…- interferiu o democrata.
– Não é pequeno contra grande, não, senador Efraim. É um projeto totalmente diferente – respondeu Cavalcanti.
– Presidente, eu pergunto, de acordo com o regimento, eu tenho direito de pedir vista? – indagou Efraim Morais.
– Total. Mas, pede vista por um posicionamento extremamente inoportuno – declarou Roberto.
– Eu não sei porque. Não é somente uma semana a mais? O senador Eduardo Suplicy pediu vista ao meu projeto. Foi somente para barganhar? Quer dizer que a barganha é só minha?- questionou Efraim.
– Peças as notas taquigráficas para ver o que vossa excelência disse. Estou usando o mesmo argumento que vossa excelência usou a vida toda: falar alto e gritar – queixou-se Roberto.
– As notas taquigráficas não estão prontas, graças a Deus – ironizou o presidente da CAE.
– Presidente, eu pergunto se um timbre de voz, um volume tem que ser respeitado nessa Casa. Tem que falar baixo, médio ou alto? Eu falo do jeito que eu quiser. É meu estilo. Ninguém vai me mudar nem me proibir – concluiu Efraim Morais.