O doleiro Alberto Youssef pagou as passagens de assessores dos senadores Cícero Lucena (PSDB) e Ciro Nogueira (PP-PI) de Brasília a São Paulo. É o que revela matéria divulgada nesta terça-feira (9) pelo Estadão. O Estadão teve acesso ao recibo da compra dos bilheres aéreos, ida e volta, da companhia TAM, no valor de R$ 3.364, 96. É o primeiro documento que liga diretamente o gabinete de parlamentares ao doleiro.
Segundo o Estadão, as empresas pagavam 3% de propina a políticos em troca de contratos com a empresa na área de Paulo Roberto Costa, que chefiava o esquema com Alberto Youssef. Cícero Lucena recebeu R$ 25 mil de doação na última eleição de uma empresa de Youssef.
Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef foram presos durante a operação Lava Jato da Polícia Federal. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em relato a procuradores e policiais, que 12 senadores, 49 deputados federais e ao menos um governador receberam dinheiro desviado da estatal. Segundo denúncias, os políticos ficavam com 3% do valor dos contratos da Petrobras no período em que Costa foi diretor da estatal, entre os anos de 2004 e 2012.
Cícero nega
O senador Cícero Lucena negou hoje que tenha havido doação da empresa ligada ao doleiro para a sua campanha. "Minha prestação de contas no TRE é pública e não há nenhuma doação dessa empresa para minha campanha", garantiu.
Sobre as passagens, Cícero disse que a viagem feita por seu assessor aconteceu em janeiro de 2012, portanto, em período de recesso de seu gabinete. Disse ainda que Luiz Paulo Gonçalves de Oliveira acompanhou o assessor do senador Ciro Nogueira, de quem é concunhado. "Essa viagem, portanto, aconteceu em período de recesso de meu gabinete, não tenho nada a ver e nenhum vínculo com isso", disse durante entrevista a rádio CBN, por telefone, ainda do aeroporto, onde retornava da viagem a Cuba.
Cícero disse que se seu assessor usou o seu nome para conseguir as passagens, "com certeza" será demitido.