O Bispo Diocesano de Guarabira, Dom Aldemiro Sena, foi agredido verbalmente na sacristia catedral de Nossa Senhora da Luz neste domingo, 23, depois da missa. Um casal que seria pai e mãe do presidente da Câmara de Guarabira, Wilson de Oliveira Gomes Filho, do PL, foi até o local reclamar do teor da pregação feita pelo religioso. Uma fonte ligada ao bispo disse que ele sofreu “agressões verbais pesadas”.
A irritação do homem e da mulher que assistiam a missa foi em relação ao teor da pregação feita neste domingo. Sem citar nome, Dom Aldemiro elogiou os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que “o povo quer vida digna e isso só é possível com terra, teto e trabalho. Nesta direção, sabemos que governo incentivou como nunca a agricultura familiar, o direito à terra para o cultivo de alimentos, quem criou o ‘Minha Casa Minha Vida’ e deu abrigo digno a milhões de brasileiros que jamais teriam teto sem o incentivo do governo e naquela época o Brasil virou um canteiro de obras sob a direção do operário estadista. Naquele governo, o salário mínimo cresceu mais que a inflação trazendo poder de compra e privilegiando a família do trabalhador”, disse o bispo, citando ainda a criação do Bolsa Família.
Ouça um trecho do que disse Dom Aldemiro:
Por causa do tumulto, a Diocese de Guarabira emitiu uma nota:
A Diocese de Guarabira – clero diocesano, religiosos e religiosas, leigos e leigas que a constituem – demonstra, por meio desta nota, solidariedade ao seu Bispo Diocesano, Dom Aldemiro Sena dos Santos, que foi vítima de agressões verbais, na sacristia da Igreja Catedral de Nossa Senhora da Luz, em Guarabira – PB, após a celebração da Santa Missa – na manhã deste domingo (23). Essas ações de repressão e opressão à fé cristã, claramente motivadas por tendências ideológicas fascistas e autoritaristas, são e serão veementemente repudiadas pela Comunidade Diocesana que se posiciona, sobretudo, ao lado de Jesus Cristo – Príncipe da Paz (Is 9,6).
Atitudes de violência, como a que foi sofrida pelo Bispo de Guarabira, sinalizam a existência de perseguição ao cristianismo autêntico que tem sua opção pelos mais pobres (Lc 6,20), vulneráveis (Jo 8,11), estigmatizados e marginalizados (Mc 1,40-41). Não obstante, também desvelam aqueles que, de fato, desrespeitam a fé, maculam a religiosidade e profanam o templo ao modelo dos vendilhões expulsos por Nosso Senhor (Jo 2,13-16). Nesse sentido, concebemos que quaisquer tentativas de silenciar a pregação do Evangelho configura-se como uma violação à liberdade religiosa, direito assegurado constitucionalmente.
Para o catolicismo (CIC 1549), a presença de Jesus Cristo torna-se visível no seio da comunidade através do Bispo que, por excelência, corresponde ao sucessor dos apóstolos. A missão que lhe coube é, portanto, proteger, cuidar, guiar e amparar o rebanho, apascentando as ovelhas de Deus (Jo 21,15-17). Desse modo, é válido retomar a constituição dogmática Lumen Gentium, segundo a qual, “os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo”. Nesses termos, desrespeitar a mensagem de Dom Aldemiro Sena é igualmente desrespeitar Aquele que lhe conferiu autoridade no âmbito da Igreja e que lhe confiou o papel de arauto e protetor zeloso do ensinamento de Jesus.
Por fim, é imprescindível reiterar que, através desta, repudia-se não apenas o ataque fascista à pregação do Evangelho ocorrido na casa de Nossa Senhora da Luz, mas a toda e a qualquer forma de violência, de violação à liberdade religiosa, de perseguição e intolerância. Rogos sejam feitos à Virgem Maria para que a comunidade cristã não se desvencilhe de Jesus Cristo, todavia, esteja cada vez mais a Ele ligada através da vivência do amor e da paz.