A sexta edição do Atlas da Notícia no Brasil, divulgada no dia 9 de agosto, trouxe uma boa nova: o número de localidades sem veículos de comunicação diminuiu no País, numa redução de 8,6% em comparação com a pesquisa anterior.
Realizado pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo), o levantamento começou a ser feito em 2017, e esta foi a primeira vez que a quantidade de municípios considerados desertos é menor do que o de cidades que contam com ao menos um veículo de comunicação jornalístico.
O que poderia ser visto como um “copo cheio”, porém, ainda dá mostras de “copo vazio”, ainda existem 2.712 cidades (com 26,7 milhões de brasileiros) sem acesso a notícias sobre o lugar onde vivem.
A distribuição de veículos de comunicação também mostra disparidade entre as regiões brasileiras. Conforme o Atlas da Notícia, houve redução de iniciativas jornalísticas nas regiões Centro-Oeste, e o total de iniciativas que foi encerrada representa 1% da base de dados da região no censo. Em paralelo com esse resultado, o número de desertos de notícias diminuiu nos Estados do Sul (8%), Sudeste (2,5%), Norte (30%) e Nordeste (9%).
Confira outros dados por região:
- Sudeste — a mídia online superou o rádio e o impresso e é agora o meio com maior número de veículos jornalísticos ativos;
- Nordeste — ainda há 56,74% dos municípios sem nenhum veículo de comunicação jornalístico e mais de 80% dos veículos mapeados pelo Projor são nativos digitais ou rádios;
- Norte — acumula 1.260 veículos jornalísticos distribuídos entre os sete Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Tocantins e Pará);
- Sul — concentra 26,5% dos veículos do Brasil, com 3.823 empreendimentos, enquanto reúne apenas cerca de 15% da população brasileira, de acordo com dados do censo de 2022;
- Centro-Oeste — tem a menor porcentagem de desertos de notícias, e o rádio é o segmento que garante boa parte da cobertura noticiosa.
O Atlas da Notícia também acompanha o fechamento de veículos. Na edição atual, foram identificadas mais 39 organizações que encerraram as atividades. Ao todo, já são 942 as organizações registradas na base de dados que foram fechadas nos últimos anos.
Conforme o Projor, capacitação para gestão, experimentação de novos modelos de financiamento e políticas públicas que incentivem o surgimento e a sobrevivência de veículos de comunicação local são medidas necessárias e urgentes para a garantia de um ambiente de boa oferta de informação de interesse público.
A realização do censo das publicações jornalísticas no Brasil envolveu um esforço coordenado de 303 colaboradores voluntários e estudantes de 80 organizações e universidades que se dedicaram nos últimos meses a encontrar veículos de comunicação em lugares onde não havia registro de atividade jornalística. Para consultar o atlas e saber um pouco mais sobre o trabalho, acesse https://www.atlas.jor.br/.