Claro que a população usuária do transporte coletivo urbano, por todo o Brasil, em particular nestes últimos dois anos, tem reclamado todo dia deste serviço e o faz tanto em relação ao valor das tarifas quanto sobre a qualidade dos serviços prestados.
Dias atrás, em reportagem nacional, uma rede de televisão focou os problemas principalmente das cidades de Belo Horizonte (tarifa de R$ 4,50), Porto Alegre (R$ 4,80), Salvador (R$ 4,90), Aracaju (R$ 4,50), Recife (tarifas variáveis de R$ 4,10 a R$ 5,60) e até de Curitiba (R$ 5,50).
Também se reportou à cidade de São Paulo, embora mais focando a prestação do serviço, tendo em vista que, em relação à tarifa cobrada diretamente aos passageiros, há três anos está em R$ 4,40, vez que a Prefeitura assume, em forma de subsídio, a diferença de R$ 4,31 existente entre ela (R$ 4,40) e seu valor real (tarifa técnica calculada em R$ 8,71). Para este ano de 2022 a previsão total, anual, desse subsídio passado às empresas, é de R$ 4 bilhões (repetindo: R$ 4 bilhões, o que corresponde a uma média mensal de R$ 333 milhões).
De igual modo não podemos deixar de registrar que a Prefeitura de Curitiba atualmente também assume um subsídio, por passageiro, de R$ 2,61, uma vez que o cálculo da tarifa real resulta em R$ 8,11… Mas está sendo cobrado dos passageiros só o valor de R$ 5,50.
Estas considerações são aqui expostas porque, se hoje a situação do transporte coletivo urbano encontra-se com dificuldades operacionais decorrentes principalmente do fato de que há várias capitais, como João Pessoa, sem subsídio governamental para aproximar as empresas do necessário equilíbrio econômico-financeiro, a omissão dos governos, em particular o federal, pode fazer com que tais dificuldades mais se aprofundem. Antes dissemos que a Prefeitura de São Paulo, por si só, está subsidiando este ano R$ 4 bilhões, enquanto o Governo Federal, achando que “está fazendo muito”, emitiu Medida Provisória com alocação tão apenas de R$ 2,5 bilhões para gastos com auxílio pra taxistas, auxílio pra caminhoneiros e compensação das gratuidades dos idosos no transporte urbano. Após cumprir os auxílios de taxistas e de caminhoneiros, sobrará algo para “a pretensa compensação das gratuidades dos idosos?!…”.
Há vários dados para caracterizar as dificuldades no setor de transporte coletivo urbano. Mas, para concluir, apontamos somente um e especificamente à cidade de João Pessoa: – Quando foi autorizada a tarifa de R$ 4,40 obviamente a Semob-JP considerou o preço do óleo diesel da época, consumido pelas empresas operadoras; este preço estava em torno de R$ 5,00; agora seu valor aproxima-se dos R$ 7,35 o que dá um acréscimo de R$ 2,35; isto corresponde a um aumento de 47%; como declarado pelo próprio superintendente da Semob-JP no Jornal A União de 25 de fevereiro deste ano, as empresas operadoras do transporte coletivo urbano pessoense consomem por mês 800 mil litros de diesel; só a diferença desse aumento do preço, em seu total, por mês, corresponde a nada menos de R$ 1.880.000,00… Como cobrir este custo adicional sem subsídio governamental?!…
Não foi sem razão que nestes últimos dois anos nada menos do que 13 empresas do transporte coletivo urbano fecharam suas portas Brasil afora!