Faleceu, ontem, no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, aos 89 anos, Maria Avani Rego, que marcou época no rádio paraibano, nas décadas de 1960 a 1980, com o nome artístico de Nauda de Abreu, escolhido para ocultar da família o fato de a moça, filha única, ser profissional do rádio, o que na época era motivo de preconceito. O velório acontece na Central São João Batista, das 9h às 15h. Nauda teria sofrido uma queda em casa e por causa disso foi encaminhada para o atendimento médico. Anos atrás, ela havia se recuperado de um câncer.
“Nauda de Abreu começou no rádio paraibano em 1951 como cantora e locutora encarregada da leitura dos reclames nos programas de auditório na Rádio Arapuan; aposentou-se em 13 de abril de 1983. Ela conta que a mulher não era bem vista por trabalhar no Rádio. Para atuar no veículo, escondida da família, adotou o nome artístico de Nauda de Abreu. As vozes femininas mais famosas do Rádio Paraibano foram a própria Nauda, que foi promovida a locutora da Rádio Arapuan em 1957 através de teste, Ana Paula, Irece Botelho (aposentadas) e Zélia Gonzaga, morando no Paraná”, conta Moacir Barbosa de Sousa em artigo para o Intercom.
Para o livro-reportagem-perfil “A Voz Feminina do Rádio – Vida e Protagonismo de Radialistas em João Pessoa”, a jornalista Marcella Machado não conseguiu entrevistar Nauda de Abreu porque ela estava doente. Outras entrevistadas, contudo, se referiram à radialista, como no trecho seguinte, que aborda a carreira de outra grande dama do rádio da Paraíba: “Zélia Gonzaga chegou na nova casa nos primeiros anos de 1960. O jeito exagerado da ex-cantora da Tabajara contrastava com a personalidade tranquila da discotecária, locutora e radioatriz da Arapuan. Em comum, as duas tinham o gosto pelas músicas românticas, como as que iam ao ar no programa “Cartas de Amor”, apresentado por Nauda de Abreu nas quintas-feiras, às 16h, pelos idos de 1953, ou no “Para Mulheres Principalmente”, de segunda a sexta-feira, às 15h, já naquela década. Na emissora, a discoteca era o espaço mais organizado e arrumado, com todos os long-plays, os famosos bolachões etiquetados. “É a filha que não tive”, costumava dizer aos colegas a jovem Nauda de Abreu”.
Durante muitos anos, Nauda morou na Vila João Marques de Almeida, no bairro do Róger. Atualmente, contudo, ela vivia no Bairro dos Estados com o irmão, Tarcísio Pedrosa.