O Observatório da Ética Jornalística (objETHOS), vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, acaba de lançar uma publicação digital que aborda a transparência no jornalismo. O e-book integrou as comemorações de 13 anos do observatório, que também incluiu um seminário.
Com 45 páginas, “Transparência no Jornalismo: o que é e como se faz?” é uma publicação gratuita e disponível on-line que foi desenvolvida a partir do projeto “Transparência no jornalismo: valor ético, compromisso público e desafio prático para profissionais e a indústria”, financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) entre 2019 e 2022.
O livro contou com a coordenação editorial do professor Rogério Christofoletti, que é um dos coordenadores do objETHOS. Na apresentação do e-book, ele lembra que o jornalismo é uma atividade que trabalha pela transparência, mas que, de forma muito contraditória, tal prática não é tão transparente quanto exige de personagens da vida pública.
“Muitas vezes, não sabemos como uma informação foi obtida, quais são os interesses envolvidos numa reportagem, quem a financia e nem quem são os proprietários daquele meio de comunicação. Quase sempre isso é de interesse público e deve ser conhecido”, registra Christofoletti. Ele aproveita para convidar o leitor a saber porque as redações devem se abrir para os públicos, que estratégias alguns veículos vêm adotando para isso e como a transparência pode melhorar a relação entre quem produz e quem consome informações.
Ao longo de seis capítulos, redigidos em linguagem simples, o e-book trata, dentre outras questões, do conceito de transparência no jornalismo, o motivo de a transparência no jornalismo ser necessária, como a transparência melhora o jornalismo e boas práticas de transparência no jornalismo.
Mas o que é mesmo transparência no jornalismo? A pesquisadora Denise Becker responde: “Transparência é um princípio fundamental para o jornalismo profissional porque significa abertura e acesso à informação – duas condições essenciais para um jornalista realizar seu trabalho de informar”.
Já a pesquisadora Kalianny Bezerra traz recomendações para dirigentes e proprietários de mídia, além de repórteres, editores e produtores de conteúdo, visando à construção diária da transparência no jornalismo. A autora ressalta, porém, que apenas dá pistas, afinal, não se trata de receita pronta! “Não se trata de um modelo fixo ou um conjunto inflexível de regras e, sim, orientações para que cada veículo e profissional consiga encontrar caminhos para uma atuação mais transparente e próxima da sociedade”.
Em seu texto, Kalianny também lembra que os cidadãos também podem e devem ajudar nesse processo. Conforme a autora, a transparência pode contribuir não apenas para que o jornalismo (re)conquiste a confiança do público, mas também possibilita um resgate do debate público nas sociedades democráticas.
Para finalizar, resgato outra frase de Denise Becker: “Quanto mais transparência, maior será a credibilidade, atributo valoroso para o jornalismo. Sem credibilidade, o trabalho de informar perde o sentido, pode ser confundido com conteúdo mentiroso, além de afetar a confiança das pessoas na informação jornalística e no jornalista, o que é pior”. No mais, acesse o e-book na página do ObjETHOS (https://objethos.wordpress.com/) e boa leitura!