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O medo que o medo dá

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“Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro”, disse Oswaldo Montenegro, em uma de suas mais belas canções. Sua confissão, em forma também de pedido, pode ser transportada a várias outras coisas ou seres, como um animal peçonhento, o gato atrás da porta, altura, doença, fome, violência, multidão ou solidão. Considerada uma das emoções primordiais à existência humana, o medo não constitui um defeito, tampouco deveria ser algo que envergonha ou constrange.

Real ou imaginário, trata-se de um instinto natural que acompanha as pessoas por toda a vida, desde o nascimento. Diante da escuridão de um quarto, o bebê sente-se meio que órfão, como se o apagar das luzes lhe roubasse a presença da mãe. Um abajur pode amenizar tal sensação, devolvendo certa segurança e tranquilidade.

Na fase adulta, outros medos costumam surgir, ou apenas ganham nova roupagem. São temores de lugares fechados ou simplesmente de trancafiar-se em si próprio. Da morte, embora saibamos ser um destino inevitável; de sair de casa (agorafobia); do trânsito, entre vários outras situações e episódios, que podem ser paralisantes ou não.

Ao paralisar o indivíduo, esse medo transforma-se em fobia. Um transtorno de ansiedade, carregado de temores acentuados e persistentes, diante da presença do estímulo fóbico. Algo totalmente desproporcional aos contextos reais. Para quem tem pânico de determinados animais, por exemplo, basta uma aproximação ou simplesmente enxergá-lo à distância, para que o gatilho do pavor seja despertado.

A fobia provoca sofrimentos psíquicos que maltratam e costumam ser prejudiciais ao desenvolvimento das atividades diárias, além de interferir nas relações sociais. Nesse caso, o medo transformou-se em algo negativo, com potencial destruidor. Saiu daquela dimensão positiva, quando podia ser visto e utilizado como estratégia de defesa, ante um perigo real, como o instinto que conduz à luta ou fuga.

É importante que o ser humano conheça cada um de seus receios, sem autossabotagem. Essa percepção proporcionará a oportunidade de lidar internamente com fragilidades comuns às pessoas em geral, independente de cor, crenças e classes sociais. Cedo ou tarde, todos terão de conviver com seus medos, de maneira positiva ou negativa.

Durante o curso da vida, o fato de não ter medo de nada também pode ser uma temeridade. Nos momentos mais críticos da pandemia, a convicção acerca dos riscos iminentes salvou muitas vidas. Foram traçadas estratégias de enfrentamento e sobrevivência, a fim de minimizar o potencial destruidor do vírus. Em contrapartida, houve também “quem morresse” devido ao medo da Covid, e não dos efeitos da doença em si.

O medo faz parte da biografia de cada um, por razões que podem requerer boa dose de autoconhecimento e terapia até serem desveladas. O importante mesmo é viver a vida como algo sublime e maior que qualquer tipo de temor, até mesmo os mais paralisantes. Controlados ou não, eles ensinam muito, inclusive revela a selfie de um alguém com suas vulnerabilidades, singularidades e atos falhos, bem distante daquele ser todo poderoso e imponente, geralmente incorporado no dia a dia.

Portanto, aceitemos os medos diários, conscientes do que pode ser feito para atenuá-los ou, quem sabe, dominá-los. E, se for o caso, basta aprender a conviver, sem a angústia de tentar desvairadamente livrar-se para sempre. Afinal, talvez tenhamos que lidar por muito tempo ainda…

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