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Livro sobre a história da MPB “sem preconceitos” será lançado em João Pessoa

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Muitos pesquisadores e historiadores de renome já se propuseram a escrever a história da música brasileira. Criaram obras de referência que contribuíram para traçar um amplo panorama, mas o esquecimento ou a diminuição da importância de alguns nomes ou de algum gênero sempre intrigou o pesquisador Rodrigo Faour. Gente que fez grande sucesso, que legou obras de grande qualidade ou popularidade simplesmente não consta de alguns destes compêndios simplesmente por ser mulher, por ser negro, por ser do interior e/ou estar longe do eixo cultural Rio-São Paulo ou por abraçarem gêneros populares, considerados bregas e por isso menos importantes. Para dar o devido valor a alguns que ficaram para trás, Faour lança História da música popular brasileira: Sem preconceitos (Vol. 1), a mais ousada empreitada literária de sua carreira.

Neste volume inicial, que chega até os anos 1970, o pesquisador revisita nomes ancestrais do sertanejo à época chamado de caipira, como Raul Torres e Florêncio, muitas vezes acompanhados de sanfoneiros, como o pioneiro José Rielli, e reverencia contemporâneas de Aracy Cortês, entre elas Pepa Delgado, Rosa Negra, Risoleta e Júlia Martins.

Diversos artistas negros, nem sempre bem creditados nos livros, estão bem inseridos em História da música popular brasileira: Sem preconceitos (Vol. 1). Faour lembra de Caco Velho, o ícone dos carnavais Blecaute, além de cantores de gêneros distintos como Oswaldo Nunes, Noite Ilustrada, Agnaldo Timóteo, Carmen Silva, Evaldo Braga e Wilson Simonal. A lista de maestros negros não é curta e inclui Abigail Moura, pioneiro ao comandar a Orquestra Afro-brasileira, uma big band do gênero, e Erlon Chaves, que sofreu terrível episódio de racismo no V FIC com a música “Eu também quero mocotó”. Isto sem falar nos grandes puxadores das escolas de samba cariocas, sempre esquecidos nos livros do gênero, como Neguinho da Beija-Flor, Aroldo Melodia e Dominguinhos do Estácio, além do baluarte Jamelão. Os movimentos dos bailes black carioca e paulistas dos anos 1970 também são descritos com detalhes.

Da época dos grandes festivais, pouco se fala em Cláudia (hoje Claudya), Evinha, Maria Odette, Taiguara, Vanusa e Maria Alcina, grandes vencedores, como também pouco crédito se dá aos ícones do sambalanço e conjuntos música para dançar que se proliferaram feito coelhos nos anos 1950 e 60, como Ed Lincoln, Djalma Ferreira, Waldir Calmon, Sylvio Mazzuca, Zaccarias, Poly, Simonetti.

Da mesma forma também estão contemplados os artistas de linhagem popular, seja do segmento regional gaúcho (Teixeirinha), caipira/sertanejo (Pedro Bento & Zé da Estrada, Leo Canhoto & Robertinho, Milionário & José Rico), instrumental (Mário Zan), brega-romântico dos anos 60 (Moacyr Franco, Silvinho, Orlando Dias) e 70 (Odair José, Waldick Soriano, Claudia Barroso, Perla, Jane & Herondy, etc), do forró (Genival Lacerda, Trio Nordestino), do carimbó (Pinduca), da “dance music” nacional (Mister Sam) ou mesmo dos que tiveram peso na revolução musical via TV na segunda metade da década de 60, como Agnaldo Rayol, que comandou o “Côrte-Rayol Show” e depois o “Agnaldo Rayol Show” – ambos mais longevos que o “Fino da Bossa”, o “Bossaudade” e o “Jovem Guarda”, sempre mais lembrados.

Todos os esquecidos se unem a outros que outrora foram mais prestigiados noutras obras, porém com a falta de política pública de memória no país também já vêm sendo esquecidos pelos mais jovens, como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Ismael Silva, Noel Rosa, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Carmen Miranda, Luiz Gonzaga, Jacob do Bandolim, Radamés Gnattali, Aracy de Almeida, Maysa, Dolores Duran, Angela Maria, Marlene, Cauby Peixoto, Tom Jobim, João Gilberto, Marcos Valle, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ivan Lins, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, entre outros.

Este amplo panorama é acompanhado por um rico encarte de 64 páginas com imagens raras, com destaque para aquelas garimpadas no acervo do fotógrafo Diler.

Em História da música popular brasileira: Sem preconceitos (Vol. 1), Faour escreve sobre um país de extensão continenal e musicalmente riquíssimo, com culturas diversas. Ele faz ainda um estudo sobre as transformações da produção e do consumo de música popular em diversos momentos da história, contextualizando-as e relacionando-as às mudanças políticas, sociais e comportamentais pelos quais o Brasil passou, e passa.

Atravessando ritmos como o choro, samba, marchinha, valsa, frevo, samba-canção, música caipira, baião, bossa nova, sambalanço, coco, samba-enredo, Jovem Guarda, MPB, Tropicalismo, carimbó, partido-alto, soul, samba-rock, pagode, forró, sertanejo, brega, Faour não privilegia ritmos nem artistas; sua proposta é fazer o leitor se despir de preconceitos estéticos, apresentando o máximo da diversidade do que já foi produzido em cada região do país, do mais ingênuo e sentimental ao mais revolucionário, experimental e irreverente, sem deixar de citar os sucessos mais representativos de cada artista em seu tempo.

Rodrigo Faour é graduado em jornalismo, mestre em Letras (Literatura, Cultura e Contemporaneidade) e doutorando na mesma linha de pesquisa, sempre na PUC-Rio. Especialista em história da música popular brasileira, possui outros seis livros publicados sobre o tema, incluindo História sexual da MPB e as biografias de Angela Maria, Dolores Duran, Cauby Peixoto e Claudette Soares. Assinou centenas de artigos e textos em jornais, websites e encartes de discos, além de revitalizar o acervo das principais gravadoras do país, produzindo reedições e coletâneas e assinando textos em seus encartes, somando cerca de seiscentos títulos. É pesquisador musical, palestrante, professor, além de diretor e roteirista de espetáculos, produtor e apresentador de shows, programas de rádio, TV e YouTube, onde atualmente mantém o canal “Rodrigo Faour Oficial”, de música e comportamento, com aulas, entrevistas e pérolas de seu baú.

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