A eleição de 2020 em João Pessoa foi atípica por vários motivos. Desde o número farto de candidatos (14) até o resultado que emergiu das urnas. A capital da Paraíba há muito não se mostrava tão avessa aos partidos de esquerda. Representados por Ricardo Coutinho e Anísio Maia na disputa pela prefeitura, os esquerdistas amargaram um fiasco eleitoral de grandes proporções. Mais do que isso: um panorama sem perspectiva de ser superado.
Ricardo, aliás, seria um capítulo à parte. Apesar da determinação e da tentativa do candidato desfazer as denúncias apresentadas pela Operação Calvário, o eleitor manteve em mente as gravações feitas pelo ex-chefe da Cruz Vermelha na Paraíba, Daniel Gomes. Somado a tudo isso ainda teve a constrangedora briga com o PT pelo apoio que acabou não vindo e uma sentença de inelegibilidade anunciada dias antes das eleições.
Mas, se para a esquerda, as urnas foram ingratas, para a extrema direita a situação também não foi tranquila. A escolha do eleitorado de João Pessoa ficou mais para os direitistas moderados. Cícero Lucena e Nilvan Ferreira tiveram discursos apaziguadores e sem radicalismos. Talvez mudem no segundo turno em busca da vitória…
Ruy Carneiro, do PSDB, surpreendeu e por pouco (menos de 900 votos) não conseguiu garantir sua vaga no segundo turno. Fez uma campanha propositiva, de alto nível e ao mesmo tempo com um formato midiático inovador que o colocou numa crescente durante a campanha.
Na Câmara de João Pessoa, contudo, um fato a ser lamentado é a quase exclusão da representação feminina. Apenas a vereadora Eliza Virgínia (PP) garantiu o mandato que é muito calcado no voto conservador e religioso.
O saldo na capital é de um perfil conservador moderado que desafia a esquerda a se reiventar. Aliás, algo que o segmento deveria ter feito há muito tempo.
