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(vida)

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A vida entre parêntesis. Os sonhos em “stand by”. As roupas de festa no silêncio dos armários. A louça de festa empilhada nas prateleiras. O passaporte na gaveta à espera de um carimbo. As pessoas à espera de um milagre. Os olhos cansados. A moça sonhando com uma janela que dá pra rua. Uma amiga me mostra, pela chamada de vídeo, um saco contendo um quilo e meio de cartas de amor rasgadas. Era amor de vidro que caiu e se quebrou. Mas na caixa de amor que presta, ainda ficaram mais de quilo e meio.

– Confesso que vivi! Ela me disse.

E quem disse que viver é pecado que vai para o confessionário?

A vida entre paredes. A vida dentro de caixas de vidro. Aquários humanos.

Fazer o quê, não é?

A gente se conforma e faz de conta. A gente comemora os aniversários sozinhos, buscando alguma alegria, talvez para mostrar ao outro, do outro lado do vidro.

“Quem te ensinou a nadar, marinheiro, foi o peixinho do mar”?

Minha janela que dá pra rua busca o mar. Do pouco que sinto falta, sinto falta do mar e do mato. Sinto falta do espetáculo, do show, da peça, da dança. Mas no teatro. Sinto falta dos pequenos barulhos da vida cotidiana. O sininho do vendedor de picolés, “vai passando o carro do ovo”, o interfone da portaria, a primeira música no rádio. Essas coisas que apertam o “play” da vida ordinária.

A boca aprisionada num pedaço de pano. E lá se vão sorriso e beijo. A vida entre parêntesis de medo.

A gente ri de nervoso, a gente chora. Mas principalmente a gente inventa. A gente inventa jeito novo de demonstrar amor. Assiste o show da casa do artista. Canta na varanda. Compartilha filme que assistiu, livro que leu, receita nova que experimentou. Repousa no travesseiro da arte… “travesseiro dos meus braços, só não faz quem não quiser, um travesseiro dos meus braços” e se protege do desamparo na compaixão, cuidando. Presos nos nossos aquários, nunca vimos de forma tão clara a dor do outro, dos peixes fora d’água, da lindeza do planeta sem a nossa intervenção. A vida entre parêntesis de humildade.

A gente brinca de faz de conta. Inventa um mistério: como será o novo normal? Um normal que a gente inventa enquanto não dá para voltar ao velho normal, aquele onde a gente se abraça quando se encontra na praia, no teatro, no cinema, na festinha de aniversário, no aeroporto.

A gente repete o mantra: VAI PASSAR.

A vida entre parêntesis de esperança.

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