O gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, Ben Supple, confirmou em palestra na Colômbia, que o aplicativo sabe que, nas eleições do ano passado no Brasil, empresas enviaram mensagens em grandes quantidades a grupos, buscando violar as regras do serviço para chegar a públicos maiores.
“Sabemos que nas eleições do ano passado havia empresas que enviavam mensagens em grandes quantidades, que buscavam violar nossas regras de serviço para chegar a públicos maiores”, disse Supple, em evento sobre jornalismo da Fundação Gabo, em Medellín. “E, para ser claros, somos muito conscientes dessas ameaças.”
A confirmação foi feita quando ele respondeu a uma pergunta sobre o uso do WhatsApp em países da América do Sul, como Colômbia e Brasil, e como esse uso difere dos EUA, onde é mais comum o envio por SMS.
O entrevistador questionou o executivo sobre como é o comportamento no app em países em que o WhatsApp é muito utilizado em processos eleitorais. Supple disse que, no mundo todo, no geral, 90%das mensagens são de pessoa pra pessoa e as mensagens de grupo são menos de 10%. Mas que no Brasil existe a prevalência de grupos grandes.
O serviço de mensagens enviou nota ao G1, afirmando que “antes do segundo turno da eleição do ano passado, o WhatsApp anunciou que já tinha banido centenas de milhares de contas por tentativa de envio em massa ou automatizado de conteúdo durante o período eleitoral”.
Entre os números bloqueados estavam contas usadas pelas agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market. Estas quatro agências foram citadas em reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, que afirmou que elas foram contradas por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) para supostamente disparar pacotes de mensagens contra o PT.
O WhatsApp não informou, na época, o número exato de contas bloqueadas, mas disse que tomaria medidas legais imediatas para impedir empresas de enviar mensagens em massa.
“Nós também notificamos empresas que diziam oferecer serviços de envio em massa de mensagens, uma violação dos nossos termos de serviço. Estamos sempre trabalhando para aperfeiçoar nossos sistemas para prevenir abusos no WhatsApp”, concluiu a empresa na nota divulgada nesta terça-feira (8).
No evento na Colômbia, na última sexta-feira (4), Ben Supple pediu ainda que pessoas que estejam em grupos muito grandes, com mais de 200 pessoas, “onde existe conteúdo ruim”, saiam do grupo e o denunciem, e também bloqueiem outros usuários.
Segundo ele, se um só usuário está sendo bloqueado muitas vezes em algum momento ele acaba sendo bloqueado da plataforma.
Os termos de serviço do WhatsApp preveem banimento em dois casos:
– enviar comunicações ilícitas ou não permitidas, mensagens em massa, mensagens automáticas, ligações automáticas e afins.
– e de comunicações envolvendo declarações falsas, incorretas ou enganosas.
Legislação eleitoral
A prática de envio em massa de mensagens eleitorais, em tese, pode ser ilegal, caso seja considerada pela Justiça doação de campanha feita por empresas. Desde 2015, empresas estão proibidas de fazer doação eleitoral.
O uso de bases de terceiros também pode ser considerado ilegal, já que a lei permite apenas o uso de listas de apoiadores do próprio candidato (nos casos de números cedidos de forma voluntária).
Com G1