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Isso que vou lhes contar aconteceu já tem uns anos. De vez em quando eu lembro. Sabe aquelas situações em que você não responde na hora e depois fica pensando no que deveria ter dito? Pronto, foi uma dessas.

Estávamos em São Paulo, cidade que adoro, e fomos convidados para jantar na casa de um amigo, que já tínhamos recebido em João Pessoa. A maioria dos convidados era formada por médicos, incluindo um paraibano, contemporâneo de quando cursei medicina, e que na época era diretor clínico do Hospital Sírio Libanês.
Quando chegamos, depois do boa noite geral e de algumas poucas apresentações, uma vez que a maioria ali já se conhecia, uma das pessoas apresentadas na hora, fez um ar teatralmente distraído e disse:

– Paraíba, então vocês são da Paraíba… e continuou… eu fico pensando, quem são as personalidades que representam a Paraíba…

Peguei ranço no mesmo instante.

Eu sou de resposta rápida. Imediatamente pensei: “seu chefe, aqui presente, é Paraibano. E não faz muito tempo, Luiza Erundina, paraibana, foi prefeita dessa Cidade”. Preparei a arma, mas não apertei o gatilho. Quando o “cabra” fez aquela cena, o constrangimento de todos foi tão grande, que deu o clima da noite. O papo desandou, nenhum assunto pegava mais. Houve um momento em que ele esboçou um pedido de desculpas, mas não conseguiu dizer nada que não reforçasse o preconceito e a ignorância. Aliás, o que é o preconceito, senão o filho da ignorância? Sabe aquele papo “eu até tenho amigo nordestino”? Ou gay, ou negro ou o que quer que seja? Nada de bom vem na sequência. E toda vez que eu olhava para o camarada, só me via passando na cara dele José Américo de Almeida, Vladimir de Carvalho, Assis Chateubriand, Elba Ramalho, José Lins do Rêgo, Chico César, Ariano Suassuna, Antonio Dias, Zé Ramalho, Jackson do Pandeiro, Paulo Pontes, Augusto dos Anjos, Celso Furtado, Geraldo Vandré, Herbert Vianna, Pedro Américo, João Câmara, José Dumont, Sivuca, Roberta Miranda, Walter Carvalho.

Vez por outra, lembrando dessa noite, porque essas coisas que a gente deixa sem resposta nos perseguem, vou aumentando a lista, embora nem recorde mais do rosto do moço.

Assisti recentemente, muito pelas redes sociais e um pouco pelo programa, a trajetória da paraibana Juliette, no famoso reality show “que quem assiste tem vergonha de dizer que assiste e quem não assiste acha que é melhor do que quem assiste”. A menina deu um show de sensatez, coragem, bondade, resiliência. Mas, supostamente por causa do sotaque e origem, praticamente não era escutada pelos companheiros de jogo. Comigo isso já aconteceu. Depois de uma “live”, algumas pessoas que me conhecem das redes sociais comentaram:

– nunca imaginei que o seu sotaque fosse tão forte! Pena que a palavra “ forte” no caso, não vem num sentido positivo. Aqui a gente diria “carregado”. E qual é o sotaque que não é carregado, entre os tantos que esse país ostenta?

Mas parece que o do paraibano, nordestino raiz, não é adequado para palavreados eruditos, sapiências, poesia, arte e outras “ciências”, a não ser de forma caricaturada.

O rapaz do sudeste, ignorante da cultura do seu país, não conseguiu registrar, dentro do seu mundinho, personalidades paraibanas. E olhe que essas que citei, só de memória, não são apenas “personalidades paraibanas”, são personalidades brasileiras.

Dessa noite pra cá, a relação só fez crescer.

Sergio De Castro Pinto , Flavio Tavares , Zezita Matos, Luiz Carlos Vasconcelos, Marilia Arnaud, Vitoria Lima, Cátia de França, Sergio Lucena, Fernando Teixeira , André Morais , Marcélia Cartaxo, Torquato Joel , Tavinho Teixeira, Cassiano, Soia Lira, Buda e Nanego Lira, Guga Limeira, Chico Limeira, Seu Pereira e Coletivo 401, Lucy Alves, Marinês, Thardelly Lima ,Ana Adelaide Peixoto Tavares, Tadeu Mathias, Kelner Macedo, Madalena Zaccara, Lacet, Gonzaga Rodrigues, Genival Lacerda, Pagui, Pedro Faissal, Luiz Ramalho, Raul Córdula, Ivan de Freitas, Diógenes Chaves, Renata Arruda, Mestre Eduardo Fuba, José Rufino, Yeda Dantas , Sandra Belê, Escurinho, Everaldo Pontes, Vital Farias, Gustavo Moura, Rosilda Sá, Antonio Barros e Cecéu, Totonho e “os Cabra”, Miguel dos Santos…

O universo do meu interesse é, sobretudo, o das artes. Esses artistas, os veteranos e os jovens, escrevem livros de poemas, contos, crônicas, romances. Pintam, esculpem, fotografam. Fazem teatro, cinema e música. Atuam, cantam, dançam, dirigem.

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