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Vídeo indica “mensalão” em Mato Grosso do Sul

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O primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Ary Rigo (PSDB), aparece em um vídeo revelando detalhes de um suposto esquema ilegal de pagamentos, com o dinheiro da Casa, para o governador André Puccinelli (PMDB), aos deputados e às autoridades do Tribunal de Justiça e do Ministério Público do Estado.

O vídeo foi gravado com uma câmera escondida pelo secretário de governo de Dourados, Eleandro Passaia, sem o deputado saber. O encontro ocorreu em 12 de junho, num hotel em Maracaju (162 km de Campo Grande).

A reportagem teve acesso a 32 minutos da conversa. Os vídeos em questão vazaram ontem no Youtube.

A Folha apurou que o vídeo integra um conjunto de evidências levantadas por Passaia e entregues à Polícia Federal, que iniciou investigação sigilosa sobre o suposto pagamento de mesadas a autoridades de MS com dinheiro do duodécimo da Assembleia. O recurso é oriundo do Orçamento do Estado para o custeio do Legislativo.

Em um dos trechos, o deputado tucano conta a Passaia que a Assembleia "devolve" dinheiro para o governador André Puccinelli. Em tom de reclamação, Rigo diz que o valor entregue ao governador subiu de R$ 2 milhões para R$ 6 milhões.

O deputado se queixa de que o aumento obrigou a cortar pagamentos feitos a desembargadores e pessoal do Ministério Público.

"Nós devolvíamos R$ 2 milhões em dinheiro para o André, R$ 900 para dar para os desembargadores e para o TJ e R$ 300 para o Ministério Público. Cortou tudo. Agora vamos devolver R$ 6 milhões para o governo, por isso tá essa queda", disse Rigo.

O corte também atingiu o que seria suposta propina paga aos deputados. Rigo diz: "Lá na Assembleia nenhum deputado ganhava menos de R$ 120 mil. Agora, os deputados vão ter que se contentar com R$ 42". Puccinelli tem o apoio de 20 dos 24 deputados da Casa.

Rigo é um dos parlamentares mais influentes do Estado. A Primeira Secretaria da Assembleia é um cargo estratégico por controlar a vida financeira da Casa e o destino do duodécimo.

PREÇO DA PROTEÇÃO

Eleandro Passaia passou quatro meses, sob orientação da PF, gravando reuniões com políticos e pagamentos de propina ao prefeito de Dourados, Ari Artuzi (expulso do PDT). O material gerou a Operação Uragano, que prendeu prefeito, secretários e vereadores em 1º de setembro.

Na conversa do dia 12 de junho, Rigo explica que o valor pago ao TJ e à Procuradoria servia para proteger aliados de investigações e obter decisões judiciais favoráveis.

O deputado menciona reunião com um assessor do deputado Londres Machado (PR), ex-presidente da Assembleia, e uma terceira pessoa, que seria o desembargador Claudionor Abss Duarte, para evitar suposta prisão de Artuzi, em junho, antes da operação da PF.

"Nós tiramos ele da cadeia! Pô, para com isso! Você dá R$ 300 mil por mês para o Ministério Público, seguramos tudo", diz o deputado.

O Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul divulgou nota em que afirma que os repasses recebidos do governo do Estado são previstos em lei, contabilizados e publicados no "Diário da Justiça" e no Portal da Transparência da instituição.

O tribunal informou ainda que "interpelará judicialmente o denunciante para que a verdade seja esclarecida com transparência e rapidez". A nota do TJ-MS foi assinada pelo desembargador Paulo Alfeu Puccinelli.

OUTRO LADO

O advogado do deputado estadual Ary Rigo (PSDB) afirma que as menções que o político faz, em vídeo gravado em junho deste ano, não se referem a propina, mas a repasses institucionais da Assembleia Legislativa.

Sua defesa diz que jamais houve entrega de dinheiro ao governador nem a autoridades dos outros Poderes. "Eles da Assembleia estão economizando e repassando para o governo. Os repasses eram institucionais", diz o advogado Carlos Marques.

Marques também nega que Rigo fosse responsável por uma mesada aos deputados. No vídeo, o tucano diz que cada deputado recebia R$ 120 mil e teria de "se contentar" com R$ 42 mil, porque a Assembleia "devolvia" R$ 6 milhões ao governador.

 

Folha Online

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