Vivemos uma semana caótica. Faltou gasolina, etanol, diesel, alimentos nas prateleiras de supermercados, frutas e verduras nas feiras livres.
Sem combustível e com o consequente deslocamento prejudicado, as frotas de ônibus das cidades pararam ou foram reduzidas, escolas suspenderam as aulas, hospitais adiaram cirurgias eletivas e a vida do brasileiro ficou muito mais complicada. Evitamos até o lazer para não gastar gasolina porque não sabemos onde a situação de crise dos combustíveis vai nos levar.
A habilidade do presidente Michel Temer conseguiu (uau!) uma trégua de 15 dias, na conversa inicial com os caminhoneiros. Pataquada. Ele negociou mesmo com os empresários de transportadoras e tão logo os donos dos porcos acataram sua provável rendição, mandou o Exército retirar das rodovias a plebe por trás dos volantes.
Imagine toda essa situação no não tão longínquo governo de Dilma Rousseff. O que teria, na sua opinião, acontecido à presidente? Linchamento? Esquartejamento? Ela não teria escapado da morte, na certa.
Em 2017, quando os problemas com os combustíveis passavam longe do que vivemos hoje, veículos circularam com um adesivo ofensivo à presidente, exibida de pernas abertas no local onde é encaixada a mangueira de abastecimento dos carros. O “material” chegou a ser vendido no Mercado Livre a R$ 34,90. Naquela época, o litro da gasolina custava em média R$ 3,77. Isso porque tinha sido bastante aumentado desde dezembro de 2016.
Não entro no mérito da qualidade do governo e nem da política de preços adotada. O que chama a atenção é a tendência de tolerância para com o governo de Michel Temer. E a apatia da esquerda em meio a tantos protestos. Tem algum cartaz de “Fora, Temer?”. Querem intervenção militar, fim da corrupção, redução nos preços dos combustíveis, mas o chefe da Nação passa ao largo, com sua popularidade tão pífia que os brasileiros parecem sequer lembrar que ele existe e está no comando do País. Deve ser porque, da maneira que estamos, entendemos que o piloto sumiu.