Pelo que se poderia chamar de "livre e espontânea pressão", o presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba, Tarcísio Campos, deixou ontem à noite o comando de greve da categoria. A reunião que decidiu a mudança aconteceu na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB), em João Pessoa. Agora, dois médicos, Diogo e Iara Vilar, passarão a responder interinamente pelo comando de greve municipal, enquanto o vice-presidente do Simed, Vilberto Trigueiro, volta de viagem para assumir as negociações. Outra deliberação de ontem foi de que a mobilização dos médicos municipais continua, apesar de uma nova proposta ter sido encaminhada pela secretária de Saúde, Roseana Meira. O teor, contudo, será apreciado em uma assembleia marcada para a quarta-feira, 18.
A crise envolvendo Tarcísio começou por causa da participação dele em uma audiência pública realizada na terça-feira à tarde na Câmara Municipal e que ouvia a prestação de contas da Secretária de Saúde de João Pessoa, Roseana Meira. Inscrito para falar, o presidente do Simed reconheceu a existência de avanços na gestão da saúde da capital. A declaração deixou perplexos os vereadores de oposição e também os representantes do comando de greve, que esperavam um pronunciamento contundente de Campos. Hoje de manhã, em contato com o Parlamentopb, Tarcísio disse que não ficou constrangido com a mudança no comando de greve: "Eu fui deslocado para o comando de greve estadual. O que aconteceu foi que os médicos não entenderam meu posicionamento na Câmara. Eu reconheci o avanço mostrado pelos números apresentados pela Secretária. Isso gerou uma dificuldade para a categoria. Mas, eu não fiz côro com a gestão municipal. Eu reconheci que há uma distância grande entre os números de atendimentos em 2005 e os de 2010. Mas, há muitos problemas", disse.
Ontem, na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Luciano Cartaxo (PT) chegou a dizer que era "muito estranha" a mudança de tom do presidente do Simed.