É um desserviço tentar minimizar a parcela de culpa do governo Bolsonaro na situação atual da saúde do país, sobretudo na pandemia do coronavírus. Para ele, a culpa é sempre dos outros, do PT, de Lula, de Doria, de Witzel, da corrupção, dos comunistas, da Globo… Tá bom! Chega, né? Dois anos de mandato já se passaram. O problema não é apenas a quantidade de ladrões na gestão pública que historicamente devastam a saúde, mas é também a incompetência de muitos, o descaso, a irresponsabilidade, o mau gerenciamento, a falta de prioridade e de ação. E, agora, de uma nova modalidade: o negacionismo.
Se alguém roubou o dinheiro da saúde e, por isso, faltou oxigênio, ainda assim é dever do governo federal socorrer o povo. E não dizer que já fez o que podia e deixar o povo morrer. Ou então usar a lorota de que o STF o tolheu. O governo federal só se mobilizou para socorrer Manaus depois que o oxigênio acabou, depois da bomba estourar. O ministro da saúde estava na cidade, inclusive, dias antes.
É óbvio que a crise em Manaus não tem apenas um culpado, tem vários. E não começou agora, é secular. Mas esse governo também é culpado, sim. E um dos maiores crimes desse governo, tendo Bolsonaro como o maior propagador, é o negacionismo, o desprezo à ciência. Um presidente que não usa máscara e ainda ridiculariza quem usa, promove aglomeração, combate o isolamento social, desestimula a vacinação e ainda trata a Covid-19, uma doença grave, como se fosse uma gripezinha, mesmo depois de 200 mil mortes no país.
O grande exemplo do descaso com a saúde e das prioridades insanas desse governo foi aumentar a carga tributária dos cilindros de oxigênio no auge da pandemia e reduzir a da importação de armas. Para mim, isso resume tudo, é a simbologia perfeita para descrever o desgoverno Bolsonaro e o gigantismo da sua negligência.