O dia 8 de dezembro, no calendário católico, é consagrado a Nossa Senhora da Conceição. Neste dia, muitos pescadores e/ou pessoas ligadas às religiões afro-brasileiras vão às praias render homenagens a Iemanjá (são correspondentes pelo sincretismo religioso).
Sou admirador desse tipo de manifestação. Acho lindo ver as cores, os figurinos, apreciar as danças, ouvir os cantos, o respeito… gosto de ir ver, demonstrar, mesmo que silenciosamente, meu apoio àquela crença.
Num cenário pandêmico, fiquei em casa e não me permiti prestigiar, presencial e pessoalmente, como foi esta festa em 2020. Quero crer que fora tão bela e significativa quanto em anos anteriores.
Lembro que, num desses anos passados, enquanto caminhava na calçadinha de Tambaú, naquele dia especialmente mais cheia do que de costume, deparei-me com pessoas distribuindo papeis com mensagens cristãs de Igrejas protestantes, clamando à conversão.
Ora, os evangélicos também são livres para manifestar sua fé em locais públicos.
Por isso, acho que nas “Marchas Para Jesus”, podíamos ver uns afoxés, uns tambores, cantos e danças bem afros, uns barquinhos com imagens de Iemanjá, como uma maneira de mostrar que as duas manifestações são puramente ecumênicas…
…e que uma não quer se sobrepor à outra.
Sim, porque, claramente, a intenção dos papeizinhos não era essa, né?