Juan Luiz Cebrián é um dos decanos do jornalismo espanhol moderno. Jornalista e empresário, foi diretor-fundador do jornal El País, veículo que começou a circular em 1976, e é CEO da Prisa, um conglomerado de mídia espanhol. Com 19 livros publicados em espanhol, é Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras da França e membro da Real Academia Espanhola. São deles as frases abaixo, retiradas do livro “O pianista no bordel”, obra lida por mim há alguns anos e a qual sempre retorno com certa regularidade. Pegue uma xícara de café ou de chá e… bom proveito!
I
“Não importa de que ângulo se olhe, o jornalismo moderno nasceu ligado ao dinheiro, bem ou mal ganho, e ao poder, bem ou mal exercido, mas também à literatura, e ainda que não seja mencionado com frequência, ao café e ao tabaco, drogas sublimes canonizadas por nossa civilização”.
II
“Em poucas palavras, a profissão jornalística tem ao mesmo tempo uma origem na canalhice e um pedigree régio, características que a acompanharam durante toda a sua história. Repórteres e colunistas não param de reivindicar sua pertinência ao povo simples, mas ao mesmo tempo lutam bravamente para participar dos prazeres e dignidades da corte”.
III
“Um provérbio inglês assegura que jornalistas são todos aqueles que andam pelas ruas, param, observam o que acontece e relatam aos outros, mas a fraseologia espanhola assinala que ‘nada é verdade nem mentira, tudo depende do vidro através do qual se olha’”.
IV
“O apreço que se recebe por parte dos leitores depende, em grande parte, das formas de contar, da ênfase, da transparência, da objetividade”.
V
“Watergate é símbolo da independência da imprensa diante do poder político e um lembrete do papel que compete aos jornais numa democracia: revelar corrupções e manobras sujas”.
VI
“Os meios de comunicação não são apenas expoentes de valores, mas também seus criadores e difusores, até extremos às vezes insuportáveis. Além de reproduzir ou representar a realidade, têm de construí-la. Por vezes, fazem isso de forma tão sufocante que algumas pessoas passam a acreditar que esta é definitivamente sua missão, ao contrário dos que os veem como simples elos de ligação entre a realidade e os indivíduos. Em qualquer caso, existe uma espécie de verdade midiática que nem sempre coincide necessariamente com a verdade pura e simples”.
VII
“O destino das línguas é serem violadas, penetradas, quiçá misturadas e empanturradas de outras contribuições. A responsabilidade daqueles que trabalham com e por elas é fazer com que sua catalogação, sua normativa e seu uso sejam o mais correto possível”.
Em tempo — o título do livro de Cebrián tem origem em um ditado espanhol: “Não contem à minha mãe que sou jornalista, prefiro que continue pensando que toco piano num bordel”.