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Sequelas da covid-19 também ameaçam saúde do coração

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Como médico cardiologista e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tenho acompanhado com interesse as pesquisas relativas às sequelas da covid-19 em pacientes que foram curados da doença. Estudos mostram que muitas pessoas apresentaram sintomas como fadiga incomum, dores de cabeça e no peito, alteração na memória e perda do olfato. Além disso, também têm sido relatadas implicações da doença para o coração, principalmente arritmias: taquicardia sinusal, extrassístoles e problemas no músculo do coração, como miocardite.

Acredito que os estudos clínicos realizados em diversos centros cardiológicos no Brasil, inclusive na UFPB, onde participo de um grupo de pesquisa, serão fundamentais para nortear o impacto dessas anormalidades e o quanto elas podem evoluir, como ocorre comumente em outras viroses, estabilizar ou progredir.

Aqui e em outras instituições, nós, médicos, educadores e pesquisadores estamos trabalhando num ambiente de incertezas ainda. Por isso, a combinação de prudência e pesquisas médicas são nossas ferramentas para formular políticas futuras de atenção cardiovascular.

Com base nas investigações realizadas pela equipe que atua comigo, sabe-se quem teve covid-19 e está em fase de recuperação deve ficar atento aos seguintes sintomas: falta de ar inexplicável; dor no peito; edema (inchaço) nos tornozelos; palpitações; batimentos cardíacos irregulares; incapacidade de permanecer deitado sem que ocorra falta de ar; acordar durante a noite com falta de ar; tonturas. Após a recuperação da covid-19, alguns pacientes continuam a ter sintomas como fadiga, falta de ar, palpitações e dor no peito. Nosso grupo também relata impactos no estado emocional. Ressaltamos a importância de uma assistência à saúde do paciente após sua recuperação.

Além disso, as complicações cardíacas detectadas nos doentes com covid-19 incluem a miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco (miocárdio), mais frequentemente presente nas formas mais severas da doença. Isso pode levar ao desenvolvimento posterior de problemas de coração, como insuficiência cardíaca, que é a dificuldade de bombear o sangue. Nessa situação, é comum a pessoa perder parte da função contrátil do coração (bomba) e se tornar um doente cardiovascular crônico, com necessidade de tomar medicações de forma continuada para tentar controlar ao máximo o problema.

Assim, todos que tiveram a covid-19 e já se recuperaram, se sentirem falta de ar, palpitações, dor torácica, falta de ar ou desmaios devem buscar avaliação médica. Como resultado dos estudos de sequelas pós-covid-19, um alerta se faz necessário aos médicos para que investiguem outros riscos da doença e tenham uma vigilância maior com quem já teve a infecção.

Minha recomendação às pessoas que tiveram covid-19 é que busquem acompanhamento médico para avaliar como está a sua condição cardíaca. Essa orientação é dirigida, particularmente, aos indivíduos que tiveram o diagnóstico de ter tido o coração afetado durante a hospitalização ou que venham a apresentar sintomas cardíacos após o quadro agudo da infecção causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Importante: as sequelas cardíacas não atingem apenas os que sofreram com sintomas significativos da infecção. Mesmo quem teve covid-19 sem sintomas ou com quadros leves da doença tem a chance de ter consequências no coração. E, infelizmente, mesmo os indivíduos sem problemas preexistentes ou sem fatores de risco para eventos cardiovasculares também podem apresentar essas alterações.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia, aliás, recomenda que as pessoas que tiveram covid-19, inclusive assintomáticas, devem passar por avaliação médica cardiológica — incluindo exame físico e clínico, além do eletrocardiograma em repouso e outros exames, se necessário. Nesse contexto, nossa equipe entende que há a necessidade de se fazer um eletrocardiograma e um ecocardiograma mais tardiamente, para avaliar se há um dano mais à frente e que vai exigir algum tratamento.

Isso também implica que nós, médicos, precisamos conversar muito com o paciente e apurar quais sintomas e sinais ele está apresentando. Após a história clínica e o exame clínico completo, a gente traça a necessidade e a partir daí define o tratamento, afinal, não existe uma receita de bolo. E os pacientes que já têm alguma cardiopatia devem ter uma rigorosa adesão ao tratamento prescrito, como dieta adequada, prática de atividade física, ter sono regular, evitar a exposição ao cigarro e ao álcool. Se apresentar dor no peito ou algum outro sintoma cardiovascular, procurar um serviço de cardiologia.

Como o coronavírus Sars-Cov-2 afeta o coração

Quando a infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) invade o sistema cardiovascular, é desencadeada uma série de reações, responsável por desequilibrar doenças que antes estavam compensadas. Soma-se a isso o fato de os pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes sofrerem, na maioria das vezes, com alterações em seu sistema imunológico, além de apresentarem um estado crônico permanente. Tais fatores podem agravar a evolução da doença, causando:

isquemia miocárdica – quando o fluxo sanguíneo para o coração é reduzido, impedindo que ele receba oxigênio suficiente, ocasionando angina (dor no peito) que pode evoluir para um ataque cardíaco;

Miocardite – inflamação do músculo do coração, que é chamado de miocárdio. Além de enfraquecer bastante o órgão, os casos graves de miocardite podem resultar em morte súbita;

Choque – quando uma infecção se alastra pelo corpo rapidamente e atinge vários órgãos, que vão deixando de funcionar, e a pressão arterial vai caindo a níveis muito baixos, o que pode levar a um quadro irreversível.

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