Havia uma época, no começo da minha carreira como jornalista, que eu comentava, frequentemente, os acontecimentos das antigas edições do Big Brother Brasil. Depois de um tempo, deixei as minhas opiniões e preferências sobre o reality show para esferas bem restritas, como minha conta no Twitter, com seus 7 ou 8 seguidores.
Mas um acontecimento recente do BBB21 me fez retomar a escrita sobre este tema: as declarações da participante Sarah Andrade a respeito do presidente Jair Bolsonaro e a maneira como essas falas impactaram na queda de sua popularidade junto aos fãs do programa.
Antes de ser capturada para o confinamento, Sarah era seguidora da conta do presidente nas redes sociais, e deu unfollow para evitar o tão temido cancelamento. Posteriormente, no jardim da casa, ela revelou essa estratégia, para completar dizendo que gostava de ver as postagens de Jair. Houve um certo burburinho, à época, mas nada que impactasse na hashtag #SarahCampeã, frequentemente nos assuntos em evidência.
Na noite desta quinta, em conversa com João Luiz e Camilla de Lucas, em que se especulou a respeito de um provável impeachment de Bolsonaro, Sarah reagiu dizendo ser contra, pois gosta do presidente. A declaração pegou mal, e gerou um cancelamento em massa dos seguidores da brasiliense. Houve até quem comentasse que, pra ela, era fácil ser contra o impeachment do presidente do Brasil, uma vez que ela mora nos Estados Unidos.
Fazendo um comparativo com outros participantes de reality shows, não penso que foi o posicionamento político de Sarah que a fez perder seguidores e popularidade. Afinal, Jojo Toddynho foi apoiadora de Bolsonaro e ganhou a última edição de A Fazenda; Rafa Kalliman, ex-mulher do BBB Rodolffo Mathaws, também votou 17 em 2018 e foi finalista do BBB20. O buraco onde Sarah caiu foi um pouco mais profundo.
Declarar simpatia por Bolsonaro na mesma semana em que ele classificou como “frescura” e “choradeira” as reivindicações da população por medidas efetivas de combate à Covid-19 até que teve um peso extra. Mas penso que tudo foi uma válvula de escape para ações de Sarah dentro do próprio jogo, como, por exemplo, o fato de ela parecer estar se desligando da aliança com a paraibana Juliette Freire – uma das favoritas ao prêmio – para formar um novo bloco hegemônico com Gilberto Nogueira, Caio Afiune e Rodolffo, estes dois últimos, disfarçadamente aliados de Juliette diante de outros confinados, mas declaradamente contrários a ela quando estão a sós. Quando Sarah concorda com Caio de que Juliette faz jogo duplo – coisa que o próprio Caio também faz – ela perde o apoio da torcida do então G3, que era composto por Juliette, Gil e Sarah. Parece que um novo G3 está surgindo, mas, dessa vez, com apenas Juliette oriunda da formação original.
E que venha o paredão falso para que tenhamos uma dimensão maior de como a torcida daqui de fora está lendo o jogo de todos estes personagens.