Cláudia Carvalho
Uma defesa pública de aliança entre o grupo cassista e o PSB de Ricardo Coutinho causou constrangimento e mal estar ontem na Assembleia Legislativa da Paraíba e na cúpula tucana estadual. As declarações, dadas pelo líder do Governo na Assembleia, Manoel Ludgério (PDT), foram recebidas como uma afronta por filiados mais ligados ao senador Cícero Lucena, candidado do partido ao Governo.
Hoje, por exemplo, o deputado Ruy Carneiro soltou uma nota na qual diz que Manoel Ludgério não o lidera mais.
"Diante de declarações equivocadas do deputado estadual Manoel Ludgério (PDT) a cerca do processo sucessório estadual, o deputado Ruy Carneiro (PSDB) afirma: “respeito o direito dele de externar e defender quaisquer conveniências pessoal ou de seu partido. Mas, já não o reconheço como meu líder na Assembléia Legislativa da Paraíba, vez que seu posicionamento contraria e nega frontalmente o projeto político do PSDB e de nossos aliados tradicionais. Essas declarações são precipitadas e inoportunas e só contribuem para dividir as oposições no momento que a unidade é fundamental para o sucesso político e eleitoral de todos, rigorosamente de todos os que se opõem ao governo ilegítimo que nos foi imposto”.
Entre os mais irritados, um tucano histórico chegou a cobrar que Cícero Lucena indicasse um novo líder, evitando que Ludgério causasse mais estremecimento na base do PSDB. As queixas se dão justamente porque se esperava que o deputado pudesse tranquilizar o grupo e contribuir para que a base se mantivesse unida em torno da candidatura de Cícero Lucena. Os mais conservadores entendem que se nem o líder defende a postulação tucana, seria hora de remanejar outro deputado para o cargo, unificando o discurso da candidatura própria ao Governo do Estado.
O furor no PSDB foi aplacado durante o dia, graças à ação de membros ponderados da cúpula tucana. Eles também se ressentem da falta de um pronunciamento contundente de Cássio Cunha Lima, que viajou aos Estados Unidos sem chamar o feito à ordem e deixando os membros de seu grupo seduzidos pela perspectiva de poder que se delineia com a candidatura de Ricardo Coutinho (PSB).
Declaração polêmica – A crise foi gerada pela declaração de Manoel Ludgério que defendeu a união de PSDB e PSB logo no primeiro turno, excluindo a candidatura de Cícero Lucena: "Não acredito nessa tese de segundo turno. Acho que devemos nos unir já no primeiro turno porque não há necessidade de três candidatos concorrerem. Se tivermos num mesmo palanque Cássio Cunha Lima, Cícero Lucena, Efraim Morais e Ricardo Coutinho, teremos grandes chances de vitória. Se essa unidade não existir, o projeto das oposições corre sério risco de comprometimento.