O governador Ricardo Coutinho inaugurou nesta sexta-feira (20), às 10h, no pátio do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, a Casa de Convivência João Paulo II, administrada pela Arquidiocese da Paraíba, por meio de várias parcerias, entre elas, da Secretaria de Estado da Saúde (SES). A instituição terá como objetivo dar apoio às pessoas de todo Estado que vivem com Aids e vem fazer tratamento no Complexo Hospitalar Clementino Fraga, da SES, e no Hospital Universitário Lauro Wanderley, unidades que são referência da doença na Capital.
A Casa de Convivência, administrada pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), da Arquidiocese da Paraíba, terá 24 acomodações, espaço de convivência, salas para oficinas, consultórios para assistência social, psicológica e médica e um refeitório.
Todos os meses são atendidas duzentas pessoas da Região Metropolitana da Capital que convivem com o vírus HIV. Agora, com uma estrutura mais ampla e moderna, a Casa poderá atender também pacientes do interior do Estado. A obra teve o apoio do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza no Estado da Paraíba (Funcep). Foram investidos aproximadamente R$ 1,5 milhão.
De acordo com o Secretário-executivo da ASA, Padre Egídio de Carvalho Neto, a Casa ajudará pessoas com o vírus HIV a recuperarem a esperança de viver o presente e o futuro. “As pessoas que lá convivem possuem experiências de vida muito difíceis, algumas chegaram ao fundo do poço. Mas na Casa de Convivência elas encontram uma equipe que as respeita e as leva a ter fé na vida”, afirma. Ele completa: “Para nós é um sonho realizado, pois sempre quisemos ter uma sede própria. Desde o momento que decidimos construí-la nós procuramos seguir as exigências feitas pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de acolher melhor os pacientes. Hoje, a Casa de Convivência João Paulo II é um modelo, pois é a única no Brasil que segue todos os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde e que oferecerá diariamente acesso à alimentação, acompanhamento psicológico, espiritual, oficinas, lazer para a valorização da vida e o resgate da autoestima das pessoas”, enfatiza o Padre Egídio.
O trabalho realizado pela instituição é diário e contínuo, até que o portador sinta-se seguro para retomar as atividades do dia-a-dia. Alguns deles voltam à Casa para dar testemunho ou até para ajudar no trabalho de ressocialização de outras pessoas que convivem com o vírus HIV. Além do apoio psicológico, também são realizadas palestras de formação – algumas recebem o apoio da Defensoria Pública Estadual. Os portadores são divididos em grupos para que todos possam participar dos encontros. Segundo a Coordenadora da Casa, Goretti Rolim, já foram abordados temas como: direito das pessoas que convivem com o HIV/AIDS, prevenção e saúde, alimentação saudável e qualidade de vida, e informações científicas sobre a atual situação da AIDS.
O projeto, que hoje conhecemos como Casa de Convivência João Paulo II, foi criado em 1996, com o apoio da Cáritas. Ele funcionava em uma Sala na Cúria Arquidiocesana, e prestava serviços apenas às pessoas mais carentes, com a distribuição de alimentos. “Sem percebermos, nosso público começou a mudar para pessoas que conviviam com o vírus HIV e, a partir disso, nós resolvemos desenvolver um trabalho mais específico”, informa a Coordenadora. “Hoje procuramos atender a todos que nos procuram, dentro das nossas limitações físicas, independente do gênero e da orientação sexual. Já ouvimos vários testemunhos de pessoas que tiveram a vida transformada depois da nossa ajuda”, enfatiza.
Nestes 17 anos de projeto, a Casa de Convivência já passou por várias sedes, mas só em dezembro de 2012, na sede de Jaguaribe, começaram a ser disponibilizadas acomodações para acolher os portadores do HIV. “A cada ano que passa a procura pela Casa de Convivência aumenta e com isso sentimos a necessidade de oferecer um trabalho mais estruturado, com mais capacitação da equipe e com a ampliação do espaço físico”, explica Goretti. “Na Casa de Jaguaribe nós só disponibilizávamos dez acomodações e os pacientes recebiam apenas acompanhamento psicológico. Na nova Casa, além do número de acomodações ser maior, nós também vamos disponibilizar acompanhamento médico geral”, explica.
Com os investimentos, a Casa de Convivência poderá acolher pacientes com cuidados especiais, que precisem de ambulância e atendimento médico 24h. De acordo com a necessidade, eles poderão ficar de 30 a 90 dias nas acomodações. A Casa também dará acompanhamento psicológico aos portadores que forem rejeitados pelas famílias.
Sobre o projeto, Goretti diz sentir-se realizada. “Quando me convidaram pra participar desse projeto, há nove anos, eu aceitei porque acreditava ser uma missão confiada por Deus a mim. Na época, eu nem sabia direito o que era HIV ou AIDS e tive que dar conta de um trabalho muito desafiador. Confiei em Deus e hoje estou aqui. Meus olhos já puderam ver muitos frutos e milagres de pessoas que retomaram a vontade de viver. Muitos chegam sem esperança, pensando que a vida acabou. Quando entram na Casa e começam a se relacionar com pessoas que conseguem viver com o vírus, o pensamento deles muda. São pequenas coisas como esta que me fazem acreditar que o projeto vale a pena”.
A história de uma mulher, que aqui chamamos de Maria, que há 12 anos descobriu ser portadora do vírus HIV, também foi marcada pela Casa de Convivência. Após receber os exames, ela foi convidada por um colega para conhecer o projeto. “No início eu relutei, não quis conhecer. Hoje eu posso dizer que a Casa mudou a minha vida porque eu aprendi a me aceitar, a me amar”, diz. “Antes eu tinha vergonha de mim mesma, vivia me escondendo. Com os projetos da Casa eu entendi que é importante cuidar de mim, que a vida é importante e que viver é bom”, completa. Atualmente, Maria faz parte da Pastoral da AIDS e continua na Casa da Convivência como voluntária.
Os interessados em ajudar à Casa de Convivência podem entrar em contato pelo telefone (83) 3241-8080 ou fazer um depósito bancário: Banco do Brasil. Agência 0011-6. Conta Corrente: 15774-0. Em nome do Instituto São José/Hospital Padre Zé.