Era sábado e estava de folga do home-office. Acordei cedo, tomei banho e fui para cozinha preparar o meu café da manhã. O misto quente e o café coado eram melhores que o da padaria da esquina. O dia estava ensolarado. Vesti a sunga, peguei o guarda sol e fui para o quintal ler um livro. Em dias como aquele, costumava passar o dia todo na praia.
Esqueci a hora, cochilei um pouco e quando me dei de conta, já se passava do meio dia. Ainda bem que tinha passado protetor solar. Liguei a mangueira e me refresquei um pouco. Lembrei que tinha marcado de assistir filmes com os familiares. Em outros tempos, teria passado no drive-thru de algum restaurante, mas o jeito foi abrir a geladeira, pegar o resto de comida do dia anterior e esquentar no micro-ondas. Não queria me atrasar. A propósito, a feijoada estava maravilhosa!
A sessão começaria às 15 horas, mas nem todos estavam online. Enquanto não apareciam, aproveitamos para selecionar o filme no Netflix. A dúvida estava entre ‘O Profissional’, ‘Sociedade dos Poetas Mortos’ e ‘Peixe Grande e suas Maravilhosas Histórias’. Optamos por Tim Burton, que sabia dar novos significados às coisas que saiam de sua cabeça. A ocasião pedia criatividade.
Durante à noite já não tinha nada o que fazer, foi aí que resolvi abrir o WhatsApp e convidar os amigos para um happy hour. Em outros tempos já estaríamos num bar. Peguei a cachaça, cortei o limão, misturei com açúcar e a caipirinha estava feita. Liguei o Zoom e começamos a reunião, que durou a noite toda e só acabou quando vimos os primeiros raios de sol aparecerem.
Coloquei comida para os meus gatos e fui para cama dormir. Acordei sentindo falta de como o mundo era antes de tudo isso, mas ao mesmo tempo me toquei que nada voltaria ao que era antes. Como dizem os cientistas, filósofos e youtubers em geral: nada voltará ao normal e o segredo para passar por tudo isso é ressignificar a vida e as relações.