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Relacionamento abusivo: violência mascarada de amor

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Era noite de sábado, ele a viu de longe, e já não dava mais tempo para ignorá-lo. A um simples sinal, os dois aproximaram-se e, como todo casal que acabara de se conhecer, cada um trata de desvelar o melhor de si, de forma atenciosa, gentil e elegantemente, como deveriam ser sempre as relações humanas. Ela jamais poderia imaginar que o inusitado traria uma das maiores esparrelas de sua vida:  relacionamento abusivo, fácil de entrar, mas repleto de armadilhas circundando as portas de saídas.

Muitas pessoas, geralmente embevecidas por paixões avassaladoras ou simplesmente flechadas pelo medo da solidão, enveredam por tais roteiros, tão presentes em sociedades machistas e patriarcais, interceptadas por misoginias. Claro, não somente a mulher é vítima de relacionamentos abusivos, um mal que pode fisgar qualquer ser, em relações héteros ou homoafetivas. Também nos ambientes de trabalho ou familiares.

Nos enlaces conjugais, namoros e encontros fortuitos, contudo, a mulher tem sido a vítima, quase sempre. Na esmagadora maioria dos casos registrados, elas sofrem de tudo e morrem aos poucos, sem conseguir autolibertar-se. Os formatos da abusividade alternam-se entre violências verbal, psicológica, moral, financeira, física, entre outros modelos, que podem culminar com a perda da própria vida, ou do resto de vida.

Os sinais costumam ser sutis, ao menos no primeiro momento. Ninguém chega com constrangimentos e humilhações, tampouco empurrões. Fosse assim, a situação poderia ser abreviada mais facilmente. Acontece que, no começo, ele a trata como musa, capaz de inspirar os melhores momentos, gestos e sentimentos. Após tempo suficiente ao envolvimento afetivo, inicia-se o ciclo de horrores, impregnado de coerções, choros e pavor.

A mulher passa a ser punida sem nem mesmo saber a razão. Quando menos espera, está pedindo desculpas mais e mais vezes, suplicando por alguém que regozija-se quando manipula, maltrata e causa sofrimento. Mergulhada sobre imensa dor, ela já despiu-se de todo amor próprio, e precisará de muita ajuda para reconquistá-lo.

Sem uma rede protetiva, apoio e tratamento psicoterápico, dificilmente conseguirá a autopercepção sobre o que abateu-lhe. Continuará sentindo-se culpada por tudo: a roupa que vestiu e não agradou; o corte do cabelo; a conversa com a amiga (o); a visita à casa da mãe; um comentário… Qualquer coisa pode ser gatilho para mais uma agressão, deixando-a cambaleante, atormentada e sozinha, porque as pessoas próximas, na maioria das vezes, tornaram-se distantes.

O abusador trata de provocar esses distanciamentos, lançando ilusões travestidas em ciúmes exacerbados, amor-paixão desmedidos e zelo. Nada disso. Quem ama não agride, cerceia, humilha ou subjuga. O amor é gentil, paciente e sublime. Em obra emblemática, publicada no ano de 1949, intitulada “O segundo sexo”, Simone de Beauvoir diz que “no dia que for possível a mulher amar-se em sua força e não em sua fraqueza; não para fugir de si mesma, mas para se encontrar; não para renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal”.

 

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