Ontem, mais uma vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga esteve em João Pessoa. De novo foi uma visita sem grandes alardes e sem nenhuma informação nova muito menos anúncio de investimento no Estado. O médico ministro esteve na UBS Vila Saúde, no Cristo Redentor para um evento de estímulo à vacinação contra a poliomielite e à multivacinação.
A intenção do ministério é ampliar a cobertura vacinal contra a pólio entre crianças de 1 a menores de 5 anos, além de atualizar a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes.
Queiroga, como sempre, vacinou uma criança, posou para fotos e deu entrevista. Mas, esses jornalistas paraibanos são atrevidos. Foram logo perguntar sobre a denúncia de tráfico de influência envolvendo o filho de Marcelo, o estudante Antonio Cristóvão Neto, o Queiroguinha, candidato a deputado federal pelo PL. O MPF está investigando se procedem as informações de que o rapaz estaria agendando reuniões de prefeitos paraibanos com o pai ministro e até liberando verbas através dele para se beneficiar eleitoralmente.
Mas, o assunto deixou o ministro tiririca. Achou ruim ser perguntado sobre o tema e passou a fazer perguntas de gaveta aos repórteres inquisidores. Depois, esbravejou que não é um político que nem os que os jornalistas paraibanos estão acostumados e descreveu sua tarefa como sendo a de ajudar o povo brasileiro.
Até onde me conste, o ministro não é político. Ainda. É gestor público. Como tal fica submetido aos princípios da administração pública. São cinco : legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O que meus colegas quiseram, além de satisfazer a curiosidade mais evidente de todo jornalista pelos fatos da atualidade, foi obter do servidor público Marcelo Queiroga elementos que ele deveria fornecer sem brabeza. Informações sobre sua agenda e a de seu filho que fala do governo federal como se fosse parte dele, o que não é.
Outra evidência da entrevista atravessada de Queiroga é a confusão absolutista que ele faz com o cargo que exerce. Se Luis XV dizia o Estado sou eu, Queiroga deve pensar que o ministério é ele. Que ele basta e responde o que quer, a quem ele quiser.
Ontem, ao publicar esse trecho da entrevista do ministro no Instagram, os internautas mais espirituosos fizeram o jogo do contente e deram graças a Deus pelo ministro não ter se alterado a ponto de repetir o gesto obsceno que o fez famoso internacionalmente quando estirou o dedo para manifestantes antibolsonaristas em Nova Iorque.
Realmente, nós estamos acostumados a outro tipo de político.