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Que nem raparigas de Chico

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O público que estava presente na noite do dia 16/02 no Bar do Baiano, nos Bancários, em João Pessoa, presenciou algo que foi anunciado como atração artística, mas acabou sendo visto como show de horrores. A prévia do bloco Raparigas de Chico, em homenagem ao cantor e compositor Chico Buarque, teve problemas estruturais que categorizaram a festa em algo entre o fraco e o sofrível.

O primeiro grupo anunciado para se apresentar foi o Mosaico Coral, que, este ano, resgata arranjos criados em 2016 para sambas de Chico Buarque. Por estar preparando um espetáculo teatral inspirado no compositor, a diretoria do coral procurou a organização do bloco Raparigas de Chico para se apresentar no evento e divulgar seu trabalho. Antes não tivessem ido.

Quem trabalha com canto coral sabe que é uma das práticas musicais mais complexas, porque depende, necessariamente, de um processo coletivo de musicalização. Talvez, por essa mesma complexidade, seja tão difícil sonorizar um coro em eventos públicos, principalmente quando acontecem em ambientes abertos. Os microfones, além de uma boa captação, precisam estar muito bem equalizados, sob risco de priorizar um naipe em detrimento de outro, prejudicar o entendimento da letra que está sendo cantada ou, em outro lado, priorizar apenas os timbres mais agudos com um som mal organizado.

Um arranjador musical passa horas escrevendo melodias, pensando nas harmonias, condução das vozes, ritmos, ornamentos e dinâmicas. Um regente passa semanas ensaiando, ajustando os timbres, passando segurança para os naipes, buscando aliar técnica vocal e interpretação num trabalho coletivo envolvendo mais de 40 pessoas. Mas bastaram poucos minutos de um equipamento de som mal gerido para desqualificar todo o trabalho do coro, cujo profissionalismo faz com que o grupo seja convidado para se apresentar em festivais dentro e fora da Paraíba, mostrando versatilidade estilística e cuidado com os aspectos vocais e musicais dos cantores.

Se no Brasil, a maioria dos corais são amadores (no sentido de não cobrarem cachês por apresentações, fazendo o trabalho quase sempre de forma voluntária e por amor à arte), o mínimo que se podia esperar de quem convida um coro a se apresentar (ou, no caso, de quem aceita um pedido de um coral para se apresentar) é recebê-lo com respeito e reconhecimento. Mas, nos tempos atuais, o respeito à arte e aos artistas anda meio em falta. Os espaços para apresentações desta natureza são no improviso, de qualquer jeito, sem o cuidado que um músico desta natureza mereceria.

Tão logo aconteceu a tentativa de apresentação… melhor dizendo: tão logo o Mosaico Coral saiu do palco, o som, milagrosamente, passou a operar em perfeito estado, sem nenhuma falha, microfonia ou desajuste entre o som dos instrumentos e vozes. O segundo grupo da noite, o Coral Voz Ativa, sob a competentíssima batuta do maestro Luiz Carlos Otávio, não viu dificuldade alguma em se apresentar e se fazer entender pela platéia. Fico feliz que este coral, cujo legado é respeitadíssimo na capital paraibana, não tenha sofrido nenhum infortúnio em sua apresentação. Mas já tomei conhecimento que outros artistas, posteriormente, tiveram dissabores em suas performances graças a uma sonorização barata que saiu cara.

Não vou insinuar que houve sabotagem, pois não havia motivos para tal. Mas afirmo, categoricamente, que houve descaso da direção do bloco (e principalmente, da empresa que assinou a sonorização) com os artistas, sobretudo o Mosaico Coral, que foi, nitidamente, desrespeitado em seu propósito artístico.

O Mosaico já decidiu que não participará do bloco Raparigas de Chico, no dia 2 de março (sábado de Carnaval), uma vez que se sentiu tratado sem nenhum respeito, sem, sequer, um pedido de desculpas pelos organizadores do bloco depois de vergonhosa apresentação (repito: não por incompetência do coro!). Os cantores se sentiram “página virada, descartada do folhetim”.

Se sentiram raparigas de Chico, mas, infelizmente, no sentido pejorativo do termo.

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