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“Quando um não quer, dois não brigam”. Mas quando os dois querem…

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A eleição de Dilma em 2014, com espremidos 51,64% dos votos válidos, simbolizou um Brasil dividido, político e ideologicamente. A oposição continuou forte e inarredável militando, não apenas para um contraditório consistente, mas para a derrubada do governo, que se consumou em 2016, apesar da trágica contribuição de uma administração que deixou bastante a desejar.

O que de certo modo me surpreendeu foi o agravamento dessa situação nos anos seguintes: vimos, em 2018, uma campanha eleitoral aguerrida, com facada no presidenciável eleito, com tiro, porrada e bomba, com e sem metáfora.

E o movimento político também se repetiu após a eleição de Bolsonaro: a oposição não se articula apenas para um contraditório consistente; querem a queda do governo, apesar da trágica contribuição de uma administração que também tem deixado a desejar.

A despeito da grave crise institucional que temos assistido nos últimos tempos, disseminada para os demais poderes e instituições, o que tem me preocupado ainda mais são as pessoas.

A disputa política e as diferenças ideológicas da última campanha eleitoral se transformaram, como nunca visto desde a redemocratização, em um cenário catastrófico de divisão, inimizade, ofensa, xingamento, traição e decepção entre as pessoas. E não falo das pessoas em geral, mas entre pais e filhos, irmãos, cônjuges, amigos, colegas, vizinhos… Enfim, cada um se sentia orgulhosamente legitimado a cancelar o outro, porque, na guerra, a gente pode matar por um bem maior… Quem não está comigo, está contra mim…

As pessoas não querem se entender. Não querem, porque estão convictas de que o outro, diferente, não é digno da nossa atenção. Deve ser desprezado, junto com suas ideias. Cada um se sente vocacionado a defender sua bandeira até as últimas consequências, porque não há concessões diante da verdade… E quem não enxerga a verdade, dita tão clara, simples e evidente, diante dos olhos, só pode estar mal-intencionado…

Qualquer iniciativa moderada assusta, porque, mais perigoso do que o lobo, é o “lobo vestido de cordeiro” (Mateus, capítulo 7, versículo 15). “Sede quente ou frio; porque morno eu vomito” (Apocalipse, capítulo 3, versículo 16)…

Tenho dito faz um tempo que o remédio para o radicalismo não é o radicalismo oposto. Os radicais são companheiros, seja de que lado estiverem. Um precisa do outro para dar sentido à sua missão. Não sabem, mas são amigos, ainda que se destruam mutuamente…

Ocorre que – para o lamento de muitos – devo dizer que a democracia é o regime da “moderação” por excelência… E é também o regime do bem comum, mais do que qualquer outro. Porque, no radicalismo, a felicidade plena de uns se dá às custas da infelicidade plena de outros… Já, na democracia, ninguém é plenamente feliz, para que todos tenham felicidade em alguma medida… A gente não agrada totalmente a ninguém, para que possamos agradar a todos; não há outro jeito… O idealismo cede espaço ao realismo, a essa realidade que é incontrolavelmente plural, aceite a gente ou não. Mas não estão muito a fim de paz e democracia por aí…

Dizem que, “quando um não quer, dois não brigam”. Mas, e quando os dois querem? Ah, quando os dois querem, não há quem “empate”. Aliás, empate é o que eles menos querem. Porque melhor perder com dignidade, do que empatar e ficar, lado a lado, com o inimigo. Porque só a vitória interessa. E a vitória humilhante, daquelas que a gente pisa na cabeça da serpente e triunfa sobre ela…

Tragicamente, não há como uma nação se desenvolver em meio a um espírito como esse…

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