Em meio à queda de braço entre o PT e o PMDB por maior espaço dentro do governo, os petistas conseguiram emplacar a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) na liderança do governo no Congresso. O PMDB chegou a sugerir sem sucesso o nome do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) para o cargo, já que a vaga era ocupada pelo partido representado pela ex-senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).
Roseana saiu do cargo em janeiro deste ano antes de assumir o governo do Maranhão, o que deixou a liderança vaga há quatro meses. Raupp foi cogitado pelo partido depois que cedeu a liderança do PMDB no Senado para Renan Calheiros (PMDB-AL), mas seu nome perdeu força diante da insistência do PT em ficar com o cargo.
Ideli foi indicada para a liderança depois de perder a disputa com o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) para a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado. A liderança foi uma espécie de "compensação" à petista uma vez que o PMDB se uniu ao PTB para emplacar Collor na presidência da comissão. Ideli será empossada no cargo amanhã pelo presidente em exercício, José Alencar, e pelo ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais).
Em ano pré-eleitoral, o Palácio do Planalto avaliou que seria mais prudente manter a liderança do governo nas mãos do PT para evitar surpresas nas negociações do Congresso com o Executivo.
Disputa
As relações entre PT e PMDB no Senado estão estremecidas desde que o senador José Sarney (PMDB-AP) derrubou o petista Tião Viana (AC) para a presidência da Casa Legislativa. Depois da queda de braço entre as duas legendas nas eleições para o comando do Senado, os peemedebistas não fizeram esforço para impedir a criação da CPI da Petrobras na Casa.
Nos bastidores, alguns peemedebistas chegaram a comemorar a estratégia dos tucanos que garantiu a leitura do requerimento da CPI que vai investigar a Petrobras.
Primeiro-vice-presidente da Casa, o senador Marconi Perillo (PSDB) acertou com o presidente José Sarney (PMDB) que ele comandaria a leitura de quatro requerimentos de CPIs no lugar do peemedebista –entre eles o que pediu a criação da CPI da Petrobras.
Os peemedebistas estão irritados com a falta de atendimentos de demandas do partido, como cargos e liberação de emendas. Há duas semanas, os peemedebistas expuseram sua insatisfação depois que afilhados políticos da legenda foram demitidos da Infraero (estatal que administra os aeroportos).
A irritação foi tanta com as demissões que a cúpula do PMDB se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro Nelson Jobim para reclamar das demissões.
Folha Online