A Quaresma é o tempo especial em que nos agarramos à Misericórdia de Deus, com toda a esperança do nosso coração. Sem o Perdão de Deus, nada seríamos. E na Misericórdia Divina, encontramos a Verdade de Cristo. Misericórdia e Verdade são a mesma face do rosto de Deus. “Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida” (Mensagem da Quaresma 2021; Papa Francisco).
O Papa Francisco ainda nos diz em sua Mensagem para a Quaresma de 2021, que “no contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20)”. O coração cristão vive de esperança. Sabemos o quanto é doloroso ter de lidar com nossas recorrentes fraquezas e pecados. Às vezes queremos desistir dos caminhos do Senhor. O tempo quaresmal renova essa esperança, oferece-nos uma esperança reconciliadora. Portanto, aos fiéis católicos, motivo que a busca do Sacramento da Reconciliação como lugar especial de preparação para a Páscoa do Senhor. “Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, propagadores do perdão: tendo-o recebido nós próprios, podemos oferecê- lo através da capacidade de viver um diálogo solícito e adotando um comportamento que conforta quem está ferido. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade” (Papa Francisco).
Um dos frutos do tempo quaresmal é o empenho pela fraternidade universal. Ao nos prepararmos para a Páscoa do Senhor, o mundo inteiro vai sendo banhado pela Misericórdia de Deus, e esta, sempre solicita a comunhão com os irmãos, e até mesmo uma comunhão com quem pensa ou reza diferente. Sejamos propagadores do Perdão de Deus, como pede o Papa, em nossos locais de convivência: família, trabalho, igrejas… Que a Virgem Maria, que permaneceu aos pés da cruz, nos tome pela mão e nos torne sempre abertos a Deus e aos irmãos.