Uma assembleia geral realizada ontem decidiu que o magistério público municipal de Sapé vai entrar em greve a partir de segunda-feira, 15. Os docentes rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 13% oferecida pelo prefeito João Clemente Neto (Dem). Desde o dia de 6 de abril que o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sapé – Sindservs – deu início à Campanha Salarial do Magistério, tendo realizado várias rodadas de negociações entre os representantes do sindicato, comissão do magistério e a administração pública municipal. A categoria reivindica 30% de reposição das perdas salariais, mas o prefeito só oferece 13%, criando um impasse nas negociações. “O Fundeb teve um reajuste de 28,2% esse ano. Esses recursos são exclusivos para pagamento da folha do Magistério. A lei garante o mínimo de 60% dos recursos do fundo para o pagamento do magistério e o que estamos reivindicando é apenas esse mínimo”, disse Jorge Galdino, Presidente do Sindservs.
Em 2006, os professores de Sapé realizaram uma greve e montaram uma tenda em frente à prefeitura, onde permaneceram acampados durante dois meses. À época, a reivindicação era de 30% e a então prefeita Maria Luiza do Nascimento assinou acordo judicial para repassar 10% em 2006 e 20% no início de 2007. A prefeita não cumpriu o acordo e o sindicato entrou com ação na justiça. Como resultado, o juiz da comarca bloqueou os recursos da prefeitura e administrou as verbas por mais de seis meses. “Desde 2006 que o Fundeb é reajustado anualmente e os professores permanecem com seus vencimentos congelados. Não estamos cobrando nada referente aos anos anteriores, não estamos tentando inviabilizar a administração pública nem tampouco impor um reajuste fora das possibilidades financeiras da prefeitura. O que queremos é apenas o reajuste do Fundeb deste ano. É mais do que justo e perfeitamente possível de ser atendido”, explicou a professora Mariza Alexandre, vice-presidente do sindicato.
A greve dos professores de Sapé se dará por tempo determinado e terá início na segunda-feira, 15, terminando na sexta-feira, o término na sexta-feira, 19, e tem caráter de advertência. “Se o prefeito não tiver compromisso com a educação, o magistério vai entrar em greve por tempo indeterminado. Não dá para falar em melhorias na educação quando temos professores ganhando Salário Mínimo e um prefeito que mente para a comunidade escolar anunciando aulas de música, dança e teatro que não existem, e nas escolas faltam professores e os prédios estão em ruínas. Não podemos pagar por descasos de administrações anteriores ou incompetência e insensibilidade do atual gestor. Queremos apenas o que é repassado pelo Fundeb aos professores e nada mais”, enfatizou Galdino.
Na assembleia geral, o magistério também deliberou a realização de manifestações durante a festa de São João promovida pela prefeitura para mostrar aos turistas a realidade da educação sapeense. A prefeitura planeja investir mais de R$ 600 mil nos festejos juninos com atrações musicais de fama internacional. “Os professores de nosso município são guerreiros, lutam contra a corrupção há mais de dez anos no município. São organizados e demonstram consciência cidadã. Vamos promover manifestações pacíficas, de caráter informativo, durante os festejos juninos para mostrar aos visitantes que a festa encobre o descaso com a educação em nosso município”, finalizou Mariza Alexandre.
Outra assembleia geral ficou marcada para o domingo, 20, quando a categoria vai fazer uma avaliação do movimento e deliberar encaminhamentos que podem prorrogar a mobilização por tempo indeterminado.