O presidente da Companhia de Processamento de Dados da Paraíba (Codata), Hipólito Lima, fez revelações surpreendentes ontem à noite durante o programa Bastidores, apresentado pelo Padre Albeni Galdino na TV Master. Ele disse, por exemplo, que não tem despachado com o governador do Estado, José Maranhão (PMDB) desde outubro de 2009. Da mesma forma, a comunicação com o secretário de Administração, Antônio Fernandes, tem sido feita apenas por ofícios e documentos oficiais, sem contato pessoal.
Entre suas queixas, Hipólito citou a falta de investimentos na companhia que geriu. Segundo ele, houve apoio "incondicional" do governador em 2009. Naquela época, o patrimônio líquido da Codata era negativo em R$ 12 milhões e no dia 31 de dezembro do mesmo ano superou R$ 200 mil.
– Infelizmente, este ano o quadro se reverteu totalmente – disse ele.
Ao ser questionado a respeito de várias críticas feitas aos serviços prestados pela Codata, Hipólito atribuiu as reclamações ao fato de ter implantado na companhia uma gestão "moralizadora":
– Havia servidores que ganhavam três tipos de gratificações, mas como presidente, eu excluí essa prática. Infelizmente, muitas pessoas acabaram fazendo uma campanha contra nossa administração porque estamos tentando moralizar essa situação.
Em sua entrevista, Lima ainda confirmou que o último despacho administrativo mantido com o governador do Estado, José Maranhão (PMDB), ocorreu em outubro do ano passado. Com o secretário de Administração, segundo ele, não houve nenhum encontro este ano:
– Na verdade, eu não tenho conseguido despachar nem com o Dr. Antônio Fernandes e nem com o governador. Tenho me pronunciado por ofícios. Talvez outras situações e assuntos sejam mais importantes e urgentes e este ano não tive oportunidade de falar com nenhum dos dois.
Detran – Segundo o presidente da Codata, a companhia contrariou muitos interesses ao prestar serviço ao Detran:
– O Detran tem uma situação peculiar conosco porque entramos muito forte lá como forma de tentar revitalizar a Codata e isso contrariou muitos interesses lá. O que mais me preocupa é que o saldo do Detran hoje ultrapassa a cifra de R$ 2,5 milhões.
Ressaltando que não é político e nem filiado a qualquer partido, Hipólito, que é advogado, disse que pode provar tudo o que disse. Ele, entretanto, admitiu que a companhia estaria falida caso fosse uma empresa privada:
– Meu antecessor tinha muito bom senso. Mas, eu notei que há uma exclusão não desta administração, mas de outras, com a Codata. A companhia deveria dar lucro, mas acima de mim tenho um conselho de administração, cujo presidente é o secretário de Administração. Há alguns assuntos para os quais tenho autonomia. Outros, eu não tenho. Infelizmente, no caso de um contrato com o Governo, enviei para a Secretaria de Administração, 12 ofícios e nenhum foi respondido. Então, tenho que ter determinadas respostas que não consegui este ano. Eu poderia fechar o ano com um patrimônio líquido de R$ 2,2 milhões. Se não houver resposta do Conselho de Administração, vamos fechar com um resultado negativo de mais de R$ 7 milhões. Eu faço meu papel. Oficio e notifico aos superiores as necessidades da empresa.
Em outro momento surpreendente, o diretor da Codata revelou que o montante de débitos inviabiliza a gestão da companhia na próxima gestão.
– Temos hoje a receber valores que vão inviabilizar a próxima administração. A maior conta é do Detran.
Finalmente, o gestor confirmou a existência de irregularidades na contabilidade da companhia. O erro constiria no fato de os recursos serem enquadrados em rubricas diferentes das usuais:
– Há uma situação peculiar entre a Codata e o Governo por causa da ausência de um contrato entre a administração estadual com a companhia, o dinheiro que recebemos do Estado não é contabilizado como deveria. Recebemos valores como aporte de capital. Existe um parecer da Controladoria Geral do Estado que trata sobre isso e é uma preocupação da minha parte ter tentado solucionar esse problema, que não foi solucionado. Está sendo recebido um valor em uma rubrica e desta forma nós contabilizamos de outra maneira.