Eles ainda não arriscaram um “selfie” (autoretrato de pessoas), mas não dispensam fotos ao lado de famosos, além do eleitorado, claro. Na tentativa de mostrar um lado mais informal, diferente da postura séria em que são retratados diariamente no noticiário, os três principais pré-candidatos a presidente – Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos – embarcaram com tudo no Instagram, rede social usada pelos que querem ser vistos.
A mais recente adesão à ferramenta virtual foi da presidente Dilma, por meio do perfil @palaciodoplanalto, que entrou no ar há três meses. Logo de cara, foram publicadas fotos antigas de encontros de Dilma com a cantora colombiana Shakira e com os integrantes da banda irlandesa U2.
Comuns no perfil também são as fotos da presidente abraçada a funcionários em eventos dos quais ela participa. Foi o que aconteceu, por exemplo, em 25 de outubro, quando Dilma esteve no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para anunciar investimentos para o Metrô. Na ocasião, o perfil exibiu uma imagem da presidente ao lado de uma copeira e um garçom. O perfil tinha, na última sexta-feira, 6.808 seguidores.
Durante o funeral de Nelson Mandela na África do Sul, semana passada, também foi postada uma imagem de Dilma cumprimentando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que foi marcado na foto. Detalhe: o norte-americano, que aderiu à rede social em janeiro de 2012, antes da campanha à reeleição, tem 2,6 milhões de seguidores.
No Brasil, entre os três presidenciáveis, é Aécio Neves (PSDB) quem tem mais seguidores: 8.243. O senador é também o que está há mais tempo na rede: pouco mais de um ano. No perfil @aecionevesoficial, há fotos dele com o vocalista da banda Jota Quest, Rogério Flausino, com o ex-jogador Ronaldo, com Neymar e com o ex-tenista Guga Kuerten.
Aécio também se exibe andando a cavalo e não se incomoda de aparecer na rede social com camisas marcadas de suor, como num encontro partidário em Goiânia, no mês passado. O senador já postou uma foto com seu possível adversário do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Foi durante um encontro entre os dois, em Recife. Campos também publicou uma imagem do encontro, que até aquele momento era desconhecido.
A divulgação acirrou os ânimos na base política de Dilma e contribuiu para a saída do PSB do governo. Quando ainda era aliado de Dilma, o pernambucano postou uma imagem com a presidente na inauguração de uma adutora. No perfil de Campos, @eduardodocamposbr, estão fotos ao lado de Caetano Veloso e Claudia Leitte. Campos aparece tocando pandeiro ou vestindo uma roupa de chefe de cozinha durante um concurso de culinária.
O pré-candidato do PSB possui menos seguidores que seus prováveis adversários: 5.317. Ele tem perfil no Instagram desde o começo deste ano. As assessorias dos três pré-candidatos confirmam que o objetivo da criação dos perfis na rede social é justamente mostrar um lado mais descontraído e informal dos políticos.
Desconfiança
A professora Vera Chaia, do Departamento de Política da PUC de São Paulo, desconfia da possibilidade de os pré-candidatos obterem dividendos eleitorais com a exposição de fotos no Instagram. “É uma tentativa de ganhar visibilidade. Eles acham que, quanto mais aparecem, mais conseguem espaço”, avalia a professora.
Ao exagerarem na postagem das imagens, os políticos, assim como qualquer pessoa, revelam, na avaliação da especialista, uma postura narcisista. “Buscam uma visibilidade exagerada como se fossem o centro de tudo”. A pequena quantidade de seguidores dos pré-candidatos brasileiros no Instagram, em comparação com os do presidente americano, Barack Obama, mostram a diferença da importância dada à internet no debate político dos dois países.
Correio da Paraíba