Dois brasileiros foram detidos na noite desta segunda-feira por vínculo com o atentado contra o senador do Paraguai Robert Acevedo, em uma região próxima à fronteira do Brasil. Segundo a rede de TV paraguaia Telefuturo, os dois são membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
O senador, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), ficou ferido e não corre risco de morte. Ele é dono da rádio Amambay e várias vezes fez denúncias públicas contra a corrupção e a máfia do narcotráfico.
Os jornais paraguaios identificam os dois detidos como Eduardo da Silva e Marcos Cordeiro Pereira. Eles foram presos na cidade de Pedro Juan Caballero, onde ocorreu o ataque que deixou dois funcionários mortos e feriu o senador liberal.
A cidade fica 550 quilômetros a nordeste de Assunção, na fronteira com o Brasil, e onde operam grupos de narcotraficantes. A zona foi declarada desde sábado em estado de exceção, como estratégia do governo de Fernando Lugo para combater uma guerrilha de esquerda autodenominada Exército do Povo Paraguaio e que seria responsável por dezenas de homicídios e sequestros.
A polícia afirma que o atentado foi cometido por um grupo de criminosos da região. O próprio senador acusou, em declarações à rede de TV Telefuturo, grupos narcotraficantes pelo atentado.
Segundo seu irmão, José Carlos Acevedo, o senador estava sendo seguido há ao menos 15 dias. Ele disse ainda que vários grupos criminosos da região queriam matar o senador e que chegaram a contratar assassinos profissionais.
"Tive a informação esta manhã de que havia gente de fora que veio para acabar com a vida do meu irmão", disse José Carlos, sem dar mais detalhes.
A Telefuturo afirma ainda que a polícia mantém operações de busca por outros suspeitos do atentado em Pedro Juan Caballero.
O ministro de Interior, Rafael Filizola, e o vice-ministro de Segurança, Carmelo Caballero, estão na cidade supervisionando os esforços.
Atentado
Derlis Arce, secretário do senador, informou à rádio Ñanduti que Acevedo levou dois tiros, um de raspão, e está em estado estável na clínica San Lucas.
As vítimas foram identificadas como Richard Martínez e Floriano Alonso, que trabalhavam para o senador e morreram na hora.
A polícia descartou qualquer ligação entre o Exército do Povo Paraguaio e o atentado desta segunda-feira.
O ataque aconteceu perto do terminal de ônibus da cidade, por volta das 18h (19h em Brasília), de acordo com o site do jornal paraguaio "Ultima Hora". Foram feitos ao menos 40 disparos, segundo as marcas deixadas no veículo, relataram fontes policiais a rádios da capital.
A cidade de Pedro Juan Caballero é a capital de Amambay, um dos Departamentos (Estados) declarados em estado de exceção pelo Parlamento paraguaio.
O estado de exceção, decretado por 30 dias, afeta os Departamentos de Concepción, San Pedro, Amambay, Presidente Hayes e Alto Paraguai, onde vivem 800 mil pessoas, quatro deles fazem fronteira com o Brasil.
Folha Online