Duas declarações dadas pelo representante da Direção Nacional do PT, Paulo Frateschi, chamaram a atenção em especial. Frateschi esteve em João Pessoa no último fim de semana para acompanhar a reunião que decidiu pelo lançamento da candidatura própria do PT em João Pessoa.
A primeira delas é de que a Direção Nacional do PT não permitirá dissidência de seus militantes nessas eleições – uma prática tão disseminada entre os dirigentes petistas no estado quanto suas brigas públicas (ainda voltarei a esse assunto mais vezes por aqui).
Em 2010, como se sabe, importantes lideranças do PT pediram publicamente votos para Ricardo Coutinho, do PSB, que se aliara a adversários nacionais do PT e de sua então candidata, Dilma Rousseff, o PSDB, o Dem e o PPS. Outros fingiram-se de mortos.
Esse apoio desse grupo dissidente liderado pelo deputado federal Luiz Couto, pode ter sido decisivo para evitar o isolamento à direita de RC e viabilizar o diálogo com importantes setores intelectuais e de classe média pessoense que tinham notórias dificuldades de engolir a aliança ricardista de 2010. Coutinho deve muito a Couto.
Enfim, a Direção Nacional do PT passou a falar grosso depois de muitos anos de permissividade política na Paraíba. E espero que essa nova atitude seja válida para os dois lados – imaginem a possibilidade de Luiz Couto lança sua candidatura e ser vitorioso numa prévia? Cartaxo seria novamente dissidente?
A segunda declaração de Frateschi que merece destaque diz respeito às atuais relações do PT com o PSB. Segundo o dirigente nacional petista, o PSB é um aliado e quando não for possível uma aliança no primeiro, ela acontecerá no segundo na hipótese de um dos dois partidos não estarem nessa disputa.
Aliados no plano nacional, o PSB se organiza para enfrentar o PMDB em 2014 no interior da base dilmista. O confronto atual da presidenta com o PMDB por conta de indicações políticas no governo e espaços no Congresso já podem ser considerados um capítulo dessa nova face que o PT deseja dar ao seu governo.
E talvez isso se reflita nas composições para as eleições presidenciais de 2014. A necessidade de acomodar Eduardo Campos para consolidar um acordo com o PSB – que joga com a possibilidade de ter o apoio do PSDB a uma possível candidatura do Governador de Pernambuco a presidência – pode conduzi-lo a assumir a vaga de vice na chapa de Rousseff, o que seria plenamente justificável, tanto do ponto de vista político como eleitoral: Eduardo Campos é de um partido mais à esquerda – o que daria um novo perfil ao futuro governo e ao seu bloco de sustentação – como eleitoral – Campos é dos mais bem avaliados governadores do Nordeste, uma região predominantemente lulista. No pacote desse acordo, certamente estaria o apoio do PT paraibano ao PSB em 2014.
São possibilidades, é claro. E como tais não podem ser descartadas. Ou seja, é bom que Luciano Cartaxo esteja mesmo no segundo turno na eleição para prefeito de João Pessoa, porque, do contrário, ele terá novamente que por à prova sua fidelidade partidária. E confirmar ou não o seu histórico de dissidente.