Rafaella Brandão

Rafaella Brandão é advogada e jornalista, além de vice-presidente da OAB/PB e já presidiu a Comissão de Combate ao Racismo e Discriminação da OAB, além de ter sido Ouvidora da Comissão de Combate à Violência contra a mulher. Tem pós-graduação em Direito Processual Civil pelo Unipê e pós-graduação em Criminologia Social pela Universidade de Pisa/Itália
Rafaella Brandão

Para sempre Glória Maria!

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Queridos leitores, o sonho de me tornar jornalista fazia sentido! Há 20 anos eram raras as referências de mulheres negras que ocupavam espaços de destaque e representatividade, mas o jornalismo brasileiro avançava, tínhamos uma rainha black, única, desbravadora, intrigante, que à frente do seu tempo estava sempre em movimento conquistando o mundo.

Deslumbrada pelas belezas da diversidade, GlóriaMaria, aventureira por natureza, nos fez conhecer países, povos e continentes através do seu olhar, das suas impressões e da sua coragem. As longínquas fronteiras aguçavam a sua sede de conhecimento, e assim, nos apresentando as curiosidades do nosso planeta terra, adentrou nas nossas vidas e lares através do alcance da televisão.

Mulher negra, de origem humilde, determinada, Glória enfrentou muitos medos, aprendeu a conviver com o racismo, destruiu barreiras, encarou o preconceito de frente, denunciou, estampou na TV o lado intolerante do país do samba, construiu pontes, se tornou ídolo. Respeitada em todo o mundo, a eterna Glória, ícone do jornalismo brasileiro, será sempre ovacionada por mérito.

Glória resistiu, personagem de um cenário midiático masculino e branco, tornou-se referência para as mulheres brasileiras, sua competência era seu cartão de visita. A presença de Glória na TV era tão marcante que o telespectador brasileiro já a aguardava nas reportagens de capa, nas entrevistas mais esperadas, destacou-se como a primeira jornalista brasileira a realizar a cobertura de uma guerra, como não admirá-la e homenageá-la?

Autêntica, Glória resguardava sua vida privada, pouco se via, pouco se sabia, até a sua real idade era um mistério, e ela se divertia com a curiosidade dos fãs. Apaixonada pela vida, pelas filhas que o universo lhe presenteou, Glória enfrentou nos últimos anos a mais dura viagem, aquela que lhe tiraria a liberdade, privando-a do que mais lhe movia, a vontade de viver. Cidadã do mundo, nos inspirava.

O jornalismo brasileiro ficou órfão, a sua rainha partiu, mas o seu legado está salvo, suas memórias caminharão sempre entre nós, em som, imagens, fotos,vídeos, registros, reportagens imponentes, irretocáveis e inesquecíveis.

Glória Maria, Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, guerreiras movidas pela bravura, o precisam de coroas para serem eternizadas, rainhas na essência, a história jamais as esquecerá.

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