A mulher que apoia Bolsonaro, é a mulher que foi ensinada a não gostar de mulher. Ela foi ensinada a entender que mulheres são rivais históricas. Ela foi treinada nas sociedades patriarcais, a entender que mulheres estão no mundo para disputar um homem pra chamar de seu. Ela aprendeu a olhar para as outras mulheres como inferiores, como se ela não fizesse parte desse universo. Ela acha que será a escolhida para ser bem tratada por aquele que tratou mal todas as outras. Ela quer punir a mulher que, no fundo, odeia ser.
O gay que apoia Bolsonaro é a mesma coisa. Ele aprendeu a não gostar de gay. Ele acha que é melhor que os outros gays por que não parece ser gay. Ele considera isso um elogio. Ele critica “as afeminadas”. Ele acha que será escolhido para ser bem tratado por quem trata mal todos os outros gays. Ele quer punir o gay que ele, no seu íntimo, odeia ser.
O negro que apoia Bolsonaro aprendeu que “black is not beautiful”, como dona Maria, uma negra que não quis se casar, para não ter que casar com um negro. Ela achava bacana quando alguém dizia que ela era uma negra de modos finos, como as brancas, e colecionava perucas. Ela acha que será tratada de modo diferenciado, por quem nunca a tratou bem, não por ela ser do jeito que era, mas pelo jeito que ela imaginava que era vista: “uma negra de alma branca”.
O trabalhador que apoia Bolsonaro tem um delírio. Ele vai apoiar alguém que não tem nenhuma noção do que seja trabalhar.
Eu não acho que eles terão, caso essa abominação humana seja eleita presidente desse país, o governo que merecem. Eles não merecem. Ninguém merece.
Eles continuarão sendo vítimas de um sistema que ensinou, convenientemente, que ser mulher, ser gay, ser negro, ser pobre são moedas de menos valia. E se sentem gratos por ter a permissão de lamber as botas de um “borra botas” que sequer conhece a história do país que deseja governar.
Tenho pena de todos.
E de você e de mim.