O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) conta com o apoio de quase metade (45%) dos colegas para permanecer no cargo, segundo enquete realizada pela Folha de S.Paulo, realizada com 69 dos 80 parlamentares da Casa.
A reportagem ouviu 69 dos 80 colegas de Sarney (86%) ontem e anteontem. Questionados se o presidente da Casa deveria permanecer, pedir licença ou renunciar ao cargo, 22 avaliam que ele deveria se licenciar até que todas as denúncias contra ele sejam esclarecidas, o que representa 27% do universo possível (32% do total de ouvidos).
O senador conta com o apoio de ao menos 36 senadores para continuar no cargo. Onze não quiseram se manifestar, e 11 não foram ouvidos. Nenhum senador defendeu a renúncia de Sarney.
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gim Argello (PTB-DF) estão por trás das estratégias para blindar Sarney. "O presidente vai ficar. Ele tomou as medidas corretas até agora", afirmou Argello.
Atos secretos
O senador pelo Amapá está no centro do mais recente escândalo político do Congresso Nacional. Há suspeitas de favorecimento do neto, que operava empréstimos consignados para servidores do Senado, além dos outros parentes que teriam sido empregados na Casa. Ontem, reportagem da Folha já apontou que a teia de nomeações políticas nos gabinetes do grupo liderado pelo senador Sarney mostra pelo menos nove novos casos de aparelhamento envolvendo o clã.
A pressão sobre o Sarney parte não somente de opositores, como os parlamentares do PSOL, que preparam uma campanha contra ele. Colegas de Casa e de partido do senador, como Pedro Simon (PMDB-RS), já defenderam sua saída do cargo.
Apesar das pressões, Sarney se mostra disposto a permanecer no cargo em meio à crise política. A expectativa de senadores ligados ao peemedebista é que as denúncias comecem a reduzir gradativamente –o que lhe daria fôlego para manter sua posição.
Folha Online