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Panorama do cinema sul-coreano, no À La Carte, traz clássicos e filmes-ícones do país

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As plataformas de filmes ou streamings estão proporcionando aos cinéfilos a rara oportunidade de conferir filmes que dificilmente teriam acesso nas salas de cinema. Até o próximo dia 30, o Petra Belas Artes À La Carte disponibiliza sete longas-metragens sul-coreanos de diferentes épocas na Mostra “Volta ao Mundo: Coreia do Sul” da cinematografia deste país asiático: de 1961 a 2016, apenas a década de 1990 não está contemplada. A mostra é um pretexto para homenagear os 60 anos daquele que é considerado o melhor filme coreano:  ‘Bala Sem Rumo’, de Yoo Hyun-mok (1925-2009) e traz clássicos da cinematografia sul-coreana.

A mostra teve início esta semana, e como nas demais mostras promovidas pelo streaming sob o rótulo “Volta ao mundo”, já dedicada a cinematografias importantes como a italiana e espanhola, o À La Carte busca reunir filmes significativos de cada país.  É sintomática a entrada da Coreia do Sul nesta mostra visto que o país tem uma das cinematografias contemporâneas mais prestigiadas pelos festivais e críticos no mundo. Um feito extraordinário, creditado à sua ascensão econômica e cultural, é que a população sul-coreana vê mais filmes produzidos lá do que o cinema norte-americano. Um sonho para nós cineastas brasileiros.

 ‘Bala Sem Rumo’ (1961), o filme-ícone da mostra, é dirigido pelo veterano de Yoo Hyun-mok, morto em 2009 e cuja carreira cinematográfica teve início em 1956. O diretor, apesar do prestígio e, talvez, por isso, teve de enfrentar sérios conflitos com a ditadura sul-coreana de meados dos anos 1950 aos anos 80. Ambientado na Seul do pós-guerra, traça um retrato niilista da sociedade sul-coreana e narra a história de uma família tentando se integrar, ou melhor, sobreviver à nova realidade do país. 

Vivendo num barracão na periferia de Seul, a família Ho composta de sete integrantes: a matriarca demente e prostrada, o filho mais velho Cheol-ho e sua mulher, o irmão Yeong-ho, ex-combatente e desempregado, a irmã Myeong-su, também sem trabalho, e as duas crianças do casal. O garotinho Min-ho, de mais ou menos 13 anos, vende jornais pelas ruas de Seul. A garotinha Hyeok sonha com sapatos novos.  O único da família que tem emprego formal é Cheol-ho, num escritório de contabilidade. Todas as sequelas da guerra estão expressas em ‘Bala Sem Rumo’, filho direto do neorrealismo italiano, não somente no tema como também na estética: cenário real, com as marcas da guerra, desemprego e pobreza generalizada e personagens entregues à própria sorte.

Yoo Hyun-mok constrói seus personagens sem comiseração e distante de uma abordagem maniqueísta. Todos os personagens têm virtudes e defeitos. Estas características vão gerar conflitos pessoais que terminam por afetar a vida de toda família e amigos. Por exemplo, a irmã Myeong-su tem um relacionamento conturbado com o antigo namorado (Man-su), que volta sequelado da guerra, física e psicologicamnte. Myeong-su, que esperou desesperadamente a volta do amado, agora desencantada, entrega-se à prostituição com soldados norte-americanos.

Por sua vez, o também ex-combatente Yeong-ho, não consegue emprego, ocupa o tempo encontrando companheiros de guerra sequelados, de alguma forma, como ele. Sua amiga Miri, atriz de cinema, o apresenta ao diretor assistente de um filme que vê em Yeong-ho todas as dores e cicatrizes reais do protagonista de sua narrativa. Sentindo-se ultrajado, Yeong-ho recusa. Neste ínterim, reencontra a bela Seol-hui, tenente-enfermeira de um hospital de um campo de batalha. E a paixão reacende, caminhando, no entanto, para um desfecho trágico. Na Coreia do Sul do pós-guerra, na visão ácida e pessimista de Yoo Hyun-mok, não há desfecho feliz. A dor de dente insistente do contador Cheol-ho não é só real, funciona como uma metáfora da vida infortunada de todos os personagens. 

 “Volta ao Mundo: Coreia do Sul” tem a parceria com o Centro Cultural Coreano no Brasil que traz também ‘O caminho para Sampo’ (1975), outro clássico da cinematografia sul-coreana, de Lee Man-hee, último filme do diretor, lançado no ano de sua morte; ‘Amora’ (1985), de Lee Doo-yong, um drama erótico que tem como cenário uma aldeia durante a ocupação japonesa. O diretor é considerado um dos dez mais importantes do cinema sul-coreano; ‘Atrizes” (2009), de Lee Jae-yong, é um falso documentário cômico que tem como personagens seis atrizes famosas da Coreia; ‘Paju’ (2009), da diretora Park Chan-ok, sobre uma garota apaixonada pelo marido da irmã; ‘A Empregada’ (2010), de Im Sang-soo, um remake de ‘Hanyo’, a Empregada”, de 1960, um clássico do cinema sul-coreano; e ‘Canola’ (2016), de Yoon Hong-seung, sobre o reencontro de avó e neta, 12 anos depois de se perderem num mercado, cuja relação não será mais amistosa como antes.  

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